27/10/2019 - 20:09
O presidente americano, Donald Trump, teve uma vitória neste domingo com a morte do líder do grupo Estado Islâmico (EI), Abu Bakr al-Baghdadi, e pretende tirar proveito da mesma.
“Isso é o maior que há”, disse Trump na Casa Branca, após anunciar a incursão das forças especiais americanas pela Síria.
Segundo relatórios dos Estados Unidos, a operação foi um êxito da inteligência, da cooperação com potências estrangeiras que participam da guerra na Síria, e do desempenho dos soldados americanos naquele país.
Ameaçado por um inquérito de impeachment em Washington e afetado por críticas generalizadas à sua política para a Síria, Trump precisava desta vitória.
Com um nível de detalhes surpreendente, o presidente deu declarações que mais tiveram a ver com sua vontade de melhorar sua imagem do que com a própria operação.
A morte de Baghdadi, disse, foi ainda maior que a do fundador da Al-Qaida e autor intelectual dos atentados do 11 de Setembro de 2001, Osama bin Laden, assassinado no Paquistão por soldados americanos em 2011, durante a presidência de Barack Obama.
“Osama Bin Laden era grande, mas ele se tornou grande por causa do World Trade Center. Baghdadi foi um homem que construiu um todo, um país, como ele gostava de afirmar”, disse Trump.
– Credibilidade militar –
Há tempos o 45º presidente americano luta politicamente contra o peso de ser o comandante em chefe das Forças Armadas. Ele é perseguido pelo fato de ter evitado o serviço militar, juntamente com outros jovens ricos de sua geração, durante a Guerra do Vietnã.
O desejo de Trump de tirar os Estados Unidos do que classifica como “guerras estúpidas” no Oriente Médio e Afeganistão pode ser popular entre muitos eleitores, mas a elite de Washington, incluindo grande parte do próprio Partido Republicano, considera-o perigosamente ingênuo.
A recente e abrupta decisão de Trump de retirar as tropas americanas de uma área tradicionalmente curda da Síria, dando à Turquia sinal verde para atacar as milícias curdas, que haviam se aliado às forças americanas, provocou reações de indignação especialmente fortes.
A morte de Baghdadi proporciona a Trump uma oportunidade perfeita para contra-atacar. Lindsay Graham, um dos senadores republicanos que criticaram o presidente por esta medida, foi um dos primeiros a declarar que havia mudado de opinião.
“Este é um momento em que os piores críticos do presidente Trump deveriam dizer: “Muito bem”, assinalou. “O que vejo que acontece na Síria faz sentido para mim. Agora entendo o que o presidente quer fazer.”
– Mudança notável –
Foi uma mudança notável e um grande impulso para as chances de Trump de que a maioria republicana no Senado se negue a apoiar o provável voto de destituição que emitir a Câmara dos Representantes, liderada pelos democratas.
Neste domingo, Trump salpicou seus longos comentários habituais na Casa Branca com cumprimentos a si mesmo feitos na terceira pessoa. Assinalou, ainda, que o EI usa as redes sociais e a internet “melhor do que quase qualquer pessoa no mundo, talvez à exceção de Donald Trump”.
Por outro lado, o presidente americano ameaçou ironicamente aliados europeus, referindo-se aos cidadãos que se uniram ao EI e estão presos agora em um limbo legal, com seus países de origem negando-se a repatriá-los: “Vou deixá-los em suas fronteiras e vocês poderão se divertir capturando-os novamente.”