20/11/2019 - 9:00
Durante as investigações da Operação Patron, nova fase da Câmbio, Desligo, deflagrada nesta terça, 19, a força-tarefa da Procuradoria e da Polícia Federal no Rio descobriu que Dario Messer, o ‘doleiro dos doleiros’, tinha um contato de alcunha ‘Rei’ em seu Whatsapp, a quem ele saudava como ‘patrão’.
Os investigadores não precisaram de muito para descobrir quem era o afeto de Messer, visto que sua imagem de perfil no aplicativo de mensagens o denunciava: Horácio Cartes, então presidente da República do Paraguai, aparecia ao lado do argentino Papa Francisco e a imagem da Virgem de Caacupé, Padroeira do Paraguai.
Horácio Cartes teve a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. O magistrado ordenou a deflagração da Operação Patron, que investiga grupo que deu apoio à fuga e à ocultação de bens de Messer.
A Procuradoria destaca que, após encontrar o contato do ex-presidente paraguaio, a propriedade da linha telefônica foi confirmada após consulta ao site truecaller.
‘Irmão de alma’
Não é de hoje que Messer e Cartes são chegados – as duas famílias teriam laços desde a década de 1980, segundo a Procuradoria.
Em 1989, o ‘doleiro dos doleiros’ fundou a Cambios Amambay SRL, que poucos anos depois se tornaria o Banco Amambay, cujo acionista principal era Ramon Telmo Cartes, pai de Horácio Cartes.
A Procuradoria afirma que o Amambay seria alvo de monitoramento de agências americanas há pelo menos duas décadas. “Inclusive, em dezembro de 2009, teriam motivado uma reunião de 24 agentes dos Estados Unidos – dos departamentos antidrogas; de lavagem de dinheiro e de confisco; de controle de armas e de ativos estrangeiros; Receita; Alfândega; Banco Central; polícia e procuradoria de Nova York, entre outros.”
No mesmo período, Ramon foi acusado de envolvimento em um escândalo de evasão de divisas, e foi acolhido, enquanto foragido da Justiça paraguaia, por Modko Messer, pai de Dario.
Conta a Procuradoria: “Esse evento foi mencionado pelo próprio ex-presidente do Paraguai ao receber uma premiação de um Congresso Judaico em 2016, ocasião em que também anunciou Dario Messer como seu ‘Hermano del Alma’.
Messer foi preso no fim de julho, no bairro dos Jardins, em São Paulo, em uma ação coordenada da Polícia Federal e da Procuradoria da República.
As investigações identificaram que o ‘doleiro dos doleiros’ ocultou cerca de US$ 20 milhões. Desse montante, mais de US$ 17 milhões teriam sido alocados em um banco nas Bahamas e o restante pulverizado no Paraguai entre doleiros, casas de câmbio, empresários, políticos e uma advogada.
O doleiro Najun Azario Flato foi preso em São Paulo no âmbito da Patron, que busca ainda o ex-presidente do Paraguai – Horácio Cartes terá pedida sua extradição pela Justiça brasileira.
O Ministério Público Federal já providenciou Pedido Ativo de Cooperação Internacional com as autoridades dos EUA, Paraguai e Bahamas, com vistas a identificação, bloqueio e repatriação de recursos ocultados pela organização criminosa.