12/12/2019 - 14:49
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) manteve nesta quinta-feira (12) em 0,1% a estimativa de crescimento para a América Latina em 2019, completando seis anos consecutivos de baixa expansão, em um cenário de desaceleração do consumo e exportações menores.
Um relatório da entidade destacou o contexto “particularmente complexo” que a região está passando e também reduziu ligeiramente a projeção de expansão para o próximo ano em 1,3%, ante 1,4% esperado em novembro.
“Vinte e três dos 33 países da América Latina e do Caribe (18 dos 20 na América Latina) apresentarão uma desaceleração em seu crescimento durante 2019, enquanto 14 países registrarão uma expansão de 1%, ou menos, no final do ano”, afirmou a Cepal.
A região acusa o golpe de uma “desaceleração na demanda interna”, acompanhada por uma baixa demanda agregada externa e por mercados financeiros internacionais “mais frágeis”, aos quais se somam “as crescentes demandas sociais e as pressões para reduzir a desigualdade e aumentar a inclusão social”. É o que se vê nos protestos sociais como os que têm acontecido em países como Chile e Colômbia.
“A América do Sul entra novamente em ritmo negativo”, alertou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, referindo-se à contração de 0,1% que a sub-região registrará este ano, arrastada pela Venezuela (-25,5%) e pela Argentina (-3%).
Já o Brasil, a maior economia regional, registraria uma tímida expansão de 1%, enquanto o Chile crescerá apenas 0,8%, afetado pela crise social iniciada em meados de outubro e que prejudica os setores de comércio e serviços.
A América Central e o México crescerão apenas 0,5% este ano, com o gigante norte-americano sem variação, em uma região onde a Nicarágua terá uma contração de 5,3%.
Bárcena destacou que o panorama macroeconômico dos últimos anos, com mercados internacionais frágeis, levou a “uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, uma queda no investimento, uma diminuição no consumo per capita, menores exportações e uma deterioração sustentada da qualidade do emprego”.
Também enfatizou que o PIB da região vai-se contrair 4% entre 2014 e 2019, completando o menor crescimento para as economias da América Latina e do Caribe nas últimas sete décadas.
– Fraca expansão em 2020 –
Para o próximo ano, a Cepal prevê que as economias do Caribe continuarão liderando o crescimento, com um avanço de 5,6%, enquanto a Venezuela – imersa em uma profunda crise política e econômica – continuará com números negativos, com uma contração esperada de 14%.
A Argentina – que iniciou uma nova presidência esta semana com Alberto Fernández – também não escapará da crise, registrando um recuo de 1,4%.
Já o Brasil deve firmar uma expansão de 1,7% em 2020, e o México, de 1,3%.
“Diante deste cenário, a região não suporta políticas de ajuste e requer políticas para estimular o crescimento e reduzir a desigualdade”, alertou Bárcena, na entrevista coletiva sobre o informe.
Para ela, as condições atuais da economia latino-americana obrigam os governos a se concentrarem na reativação do crescimento e a responderem as “crescentes demandas sociais”, que se multiplicam na região e no mundo.
Reativar a atividade econômica com um maior gasto público em investimento e políticas sociais é a receita da Cepal frente às demandas sociais. Estas devem ser respondidas com “esforços redistributivos de curto prazo, que devem se complementar com aumentos na provisão e na qualidade de bens e serviços públicos”, completou o organismo.