30/12/2019 - 23:38
Reviravolta no caso do brasileiro Carlos Ghosn: o ex-presidente da Renault-Nissan chegou ao Líbano nesta segunda-feira, apesar de estar sob prisão domiciliar no Japão, onde deveria ser julgado em 2020 por má conduta financeira
“Ghosn chegou ao aeroporto de Beirute nesta segunda-feira”, disse uma fonte de segurança à AFP, confirmando as informações publicadas na imprensa libanesa. Um funcionário de alto escalão libanês confirmou as notícias e acrescentou que” a maneira pela qual ele saiu do Japão não está clara”.
Segundo o jornal libanês al-Jumhuriya, que publicou a informação, o ex-presidente da Renault-Nissan-Mitsubishi, com nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, chegou a Beirute em um avião procedente da Turquia.
“Carlos Ghosn não tenta se esquivar de suas responsabilidades, mas foge da injustiça do sistema japonês”, explicou à AFP uma fonte ligada ao caso, que pediu para ter sua identidade preservada.
Desde sua prisão, em 19 de novembro de 2018 em Tóquio, seus advogados e sua família denunciaram as condições de detenção, o tratamento dado a ele e a maneira como a justiça japonesa realiza a acusação.
Em novembro, Ghosn foi autorizado a falar por videoconferência com sua esposa Carole, pela primeira vez em quase oito meses.
Alguns dias antes desse contato, seus filhos exigiram um julgamento “justo” para o pai em uma coluna publicada no site de rádio pública francesa Franceinfo.
De acordo com sua assessoria de comunicação, Carlos Ghosn defendeu o “levantamento total” das várias proibições impostas, considerando-as “excessivas, cruéis e desumanas, e para que seus direitos fundamentais e os de sua esposa fossem respeitados”.
Aquele que um dia foi aclamado como “o salvador da Nissan”, após sua chegada ao grupo japonês em 1999, passou 130 dias na prisão desde novembro de 2018. Foi libertado sob fiança pela primeira vez em março de 2019, mas voltou a ser preso no começo de abril. No fim daquele mês obteve prisão domiciliar em condições estritas.
O ex-executivo é acusado de não declarar mais de 160 milhões de reais que ganhou entre 2010 e 2015, de usar indevidamente bens da Nissan em benefício próprio, de ter dado prejuízo à montadora de automóveis numa transferência de fundos e de repassar à empresa uma dívida particular.
Desde o começo do caso, Carlos Ghosn denunciou um “complô” por parte da companhia para impedir um projeto de integração reforçada com a Renault.
Durante uma audiência preliminar em outubro, sua defesa pediu a anulação do processo contra ele no Japão e acusou os promotores de “ações ilegais” e conluio com a Nissan para derrubá-lo.
As acusações são “motivadas politicamente desde o início, fundamentalmente tendenciosas” e “este caso nunca deveria ter resultado em processo criminal”, denunciaram seus defensores.
As condições de liberdade do ex-magnata determinam que seus passaportes fiquem em poder de seus advogados, garantidores do respeito às normas impostas pela justiça.
Sua prisão domiciliar em Tóquio lhe permitia viajar dentro do Japão, mas o tempo de sua ausência de casa estava regulado.
Carlos Ghosn e seus advogados se queixavam que desde sua segunda libertação, em abril, foi constantemente seguido. Inicialmente acusaram oficiais do Ministério Público
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