O mais novo capítulo da trajetória do bilionário da Educação Chaim Zaher foi escrito nesta semana, com o anúncio da aquisição de 70% da operação da Maple Bear Global Schools, escola bilíngue de ensino canadense. Se o dinheiro fala, como dizem os americanos (money talks), os investimentos do empresário libanês naturalizado brasileiro tornam-se poliglotas, pois estarão em diversas partes do mundo. Com o gerenciamento comercial da marca de escolas canadense, Zaher pretende expandir e internacionalizar de vez os negócios de seu conglomerado SEB (Sistema Educacional Brasileiro), que reúne 11 instituições próprias, do ensino infantil ao universitário, com 44 unidades e 45 mil alunos.

O SEB já atuava como parceiro da Maple Bear na América Latina havia três anos, trabalhando na expansão de unidades junto a franqueados. Os resultados foram positivos. Nesse período, o número de escolas no Brasil saltou de 78 para 145. A quantidade de estudantes passou de 13,5 mil para 30 mil. “É nosso case de maior sucesso. Foram três anos encantadores”, afirmou Chaim na quarta-feira 12, durante a apresentação da aquisição em um hotel na capital paulista. Antes da parceria com o SEB, a Maple Bear atuava no País desde 2006, mas o crescimento exponencial ocorreu apenas com a entrada de Zaher no jogo. Esse desenvolvimento rápido se beneficia dos 50 anos de experiência do empresário no setor educacional. Sua história começou como porteiro de cursinho, depois como vendedor de matrículas, até abrir o próprio negócio. No ano passado seu grupo faturou R$ 1,2 bilhão. E ele quer mais. “Tomara que tenha feito um bom negócio”, disse o empresário, em tom descontraído.

Os números que envolvem a transação não foram divulgados. Segundo fontes do setor, pode ter girado em torno de US$ 100 milhões. A operação foi feita entre o braço canadense do Grupo SEB e a Maple Bear também do Canadá, mas com aporte de capital brasileiro da empresa. Apesar de 70% do controle das operações estarem nas mãos de Chaim, o CEO global da Maple Bear continua sendo o fundador da marca, Rodney Briggs. “Vamos expandir com o objetivo de ser a maior marca educacional do mundo”, afirmou Briggs, durante coletiva de imprensa em São Paulo.A manutenção do canadense no comando da instituição é estratégica. “O modelo pedagógico é do Canadá”, frisou Chaim. “Briggs cuida de cada detalhe para manter a qualidade.”

Com o processo pedagógico mantido, a parceria prevê que Chaim trabalhe na estratégia de gestão, marketing e expertise em vendas. Uma divisão prática: o canadense ensina a educação bilíngue; o brasileiro ensina a fazer negócio.

Hoje, a Maple Bear possui 458 escolas em mais de 20 países, com 40 mil alunos. No Brasil são 145 unidades e 30 mil estudantes. A projeção de crescimento de Chaim Zaher é otimista: alcançar 300 mil matrículas no mundo em 5 anos. “Temos potencial”, afirmou. “Vamos imprimir um novo ritmo de crescimento”, completou, ao informar que em cada país vai buscar parceiros conhecedores do mercado local para ampliar as franquias.

As escolas Maple Bear começam do zero. Uma escola que já existe e quer implantar o modelo canadense não consegue ser franqueada. Tudo tem de ser novo e acompanhado por analistas e consultores do Canadá, desde a arquitetura e mobiliário até o treinamento do corpo docente. Uma franquia gira em torno de R$ 1,5 milhão no Brasil. Mas o valor pode mudar, dependendo das condições do país. Em Cingapura, por exemplo, uma nação desenvolvida, chega a US$ 2,5 milhões, enquanto na Índia pode ser de US$ 250 mil. O mesmo acontece com o preço das mensalidades – no Brasil o tíquete médio para meio período é de R$ 2,5 mil mensais. “Mas o patamar de qualidade é sempre o mesmo”, avisou Rodney Briggs. A estimativa é de que com 100 alunos matriculados a escola já alcance breakeven.

VALE DO SILÍCIO Um dos primeiros passos de Chaim Zaher para a internacionalização do Grupo SEB foi a criação da escola Concept, uma bilíngue internacional com práticas inovadoras e criativas. Tem unidades em São Paulo, Salvador e Ribeirão Preto, com planos de inauguração no Rio de Janeiro e no Vale do Silício (EUA). Mas, por enquanto, a expansão estrangeira almejada por Chaim ocorre com a Maple Bear. Com relação ao mercado interno brasileiro, o empresário ainda esconde o jogo dos planos para este ano. Afirma apenas que está de olho no mercado e “nas oportunidades”, principalmente no ensino superior.

Sobre uma possível abertura de capital na bolsa, Chaim Zaher afirma que não está fora do radar, mas que neste momento não há necessidade, pois a empresa está totalmente capitalizada e com baixo índice de endividamento.

 

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