03/03/2020 - 18:56
As bolsas de Nova York registraram forte baixa nesta terça-feira, 8. O inesperado corte de juros nos Estados Unidos chegou a ser seguido imediatamente por ganhos nos mercados acionários, mas ao longo do dia o movimento se inverteu, com analistas destacando a gravidade do cenário, para ter motivado essa ação inesperada do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), e também que os bancos centrais não têm mais muito espaço para agir, frente ao surto de coronavírus e seus impactos na atividade.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 2,94%, em 25.917,41 pontos, o Nasdaq recuou 2,99%, a 8.684,09 pontos, e o S&P 500 caiu 2,81%, a 3.003,37 pontos.
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O Fed decidiu, em reunião não prevista, cortar os juros em 50 pontos-base, citando em seu comunicado os riscos trazidos à perspectiva pelo coronavírus. Presidente do BC, Jerome Powell disse em entrevista coletiva que os dirigentes não hesitarão em adotar outras medidas, se necessário, mas não se comprometeu a fazer isso.
Na avaliação do BBH, o movimento do Fed “cheira a pânico”, já que “não havia sinais óbvios de riscos à estabilidade financeira para justificar uma ação de emergência”. O banco de investimentos ponderou em nota a clientes que o Fed não tem a capacidade de consertar cadeias de suprimento prejudicadas pelo coronavírus e que essa resposta deverá vir principalmente da China. Outros analistas citaram que há um espaço menor para novas medidas de importantes bancos centrais, inclusive o Fed.
Com isso, a alta imediatamente posterior ao corte de juros nos EUA deu lugar a baixas consideráveis nos mercados acionários. Os bancos estiveram bastante pressionados, em dia de recuo nos retornos dos bônus americanos: Goldman Sachs caiu 2,88%, JPMorgan cedeu 3,75% e Wells Fargo, 4,09%.
Os setores de tecnologia e serviços de comunicação também foram penalizados, com a ação da Apple em baixa de 3,18%, Microsoft em baixa de 4,79%, Amazon, de 2,30%, e Alphabet, de 3,51%. No setor industrial, Boeing caiu 2,99%, ajudando a pressionar o Dow Jones. As montadoras tampouco se saíram bem, com General Motors em baixa de 2,86% e Ford Motor, de 3,19%.