07/03/2020 - 10:46
“O sangue do povo cearense está nas mãos do governador Camilo Santana, e não nas mãos do movimento”, afirma o ex-deputado Cabo Sabino (Avante), ao ser questionado sobre os 312 mortos no período em que a Polícia Militar de amotinou. Acusado de liderar o grupo rebelado ele afirma ao Estado que ‘o balanço é de uma paralisação justa’. Contra ele, recai a acusação de revolta, conspiração, incitamento e aliciamento – o crime militar de motim.
“Quem tinha o poder de negociar era o governo, não éramos nós, quem tinha o poder de resolutividade era o governo, se o governo tivesse sentado à mesa no primeiro dia, e tivesse negociado, o movimento tinha se encerrado no primeiro dia”, diz.
Sabino continua: “Mas o governo preferiu ver corpos de cearenses nas ruas, né, a negociar com os policiais, porque na realidade o desejo do governo era punir policiais, politizar um ato de reivindicação justo e honesto, batizar um movimento como motim, porque ele queria politizar isso para o Brasil inteiro, a preço do sangue de vidas inocentes do povo cearense”.
No fim da tarde desta quinta, 5, Cabo Sabino se apresentou à Justiça Militar e teve a ordem de prisão preventiva substituída pela proibição de entrar em instalações das forças de segurança por seis meses. Nas redes sociais, o governador, Camilo Santana (PT), disse ter ficado ‘indignado’ com a decisão e acusou o ex-deputado de ‘promover todo tipo de desordem’.
“Inaceitável que alguém promova todo tipo de desordem, cometa crimes, desafie a própria Justiça, Ministério Público, Governo e sociedade, e seja mandado para casa, como se nada tivesse ocorrido. Esse acusado terá que responder pelos seus gravíssimos atos, pelo bem do Estado de Direito”, disse o governador, em sua página no Facebook.
Durante o motim, foram registrados 312 homicídios no Ceará, mês mais violento desde 2013, quando foram adotados os atuais critérios para a série histórica no Estado.
O ex-deputado afirma que ‘anistia não é o motivo pelo qual se faz o movimento’. Ele diz que há ‘pautas antigas’, que ‘o governo não atende há 12 anos’, como questões relacionadas à carga horária, o vale-refeição, o auxílio saúde e o retorno do hospital da Polícia Militar.