07/03/2020 - 14:44
Seke Banza, no oeste da República Democrática do Congo (RDC), é o cenário de uma corrida contra o tempo no combate ao sarampo, que provocou a morte de mais de 6 mil pessoas em um ano, com um grau de letalidade superior ao ebola.
Em Seke Banza, a várias horas de moto de Matadi, o sarampo matou seis pessoas desde o começo do ano. Foram registrados 1.254 casos, metade deles em menores de cinco anos.
A última vítima é um menino que morreu durante a semana no hospital geral da região.
Antes de ser hospitalizado, o menino recorreu a médicos tradicionais, que lhe deram uma série de tratamentos que poderiam ser prejudiciais ao fígado.
Méderic Monier, do Médicos Sem Fronteiras (MSF), explica que alguns pacientes “estão na fase aguda do sarampo, com sintomas respiratórios, conjuntivite, febre. Meses mais tarde, com o sistema imunológico falho, podem desencadear outras doenças”.
Adolphe Kiakupuati, caçador, como a maioria dos homens da região, veio se vacinar com os três filhos. O acesso à informação é um grande problema nesta área, lamentou ele.
“Durante o período de vacinação das crianças (em novembro), estava ocupado no bosque e não fiquei ciente. Mas agora serão tratados”, afirmou.
Esta semana, teve início uma segunda etapa da vacinação, organizada pelo MSF na região, entre campos, florestas e rios.
As vacinas são levadas de moto às aldeias nos arredores de Temba, a cerca de seis horas de estrada desde o centro de Seke Banza, por estradas de terra. A vacinação ocorre em uma paróquia.
A logística é outro grande desafio nesta área, onde as infraestruturas são precárias.
“O grande desafio é conseguir oferecer as vacinas a todas essas aldeias, respeitando a qualidade e a refrigeração. Todas as vacinas devem ser mantidas a uma temperatura entre 2ºC e 7ºC”, explica o diretor de logística da MSF, Jean Pletinckx.
“A República Democrática do Congo registrou a pior epidemia de sarampo de sua história, com mais de 335.413 casos suspeitos e 6.362 mortes desde 1º de janeiro de 2019 até 20 de fevereiro de 2020”, apontam os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A organização acrescentou, porém, que “há uma tendência decrescente no número de casos de sarampo reportados”.