18/03/2020 - 19:00
Seria o pior dos cenários e um grande plano de estímulo econômico poderia evitá-lo, mas o governo dos Estados Unidos informou sobre a possibilidade de uma taxa de desemprego de 20% por consequência do novo coronavírus.
Segundo informações da imprensa, o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, alertou aos senadores republicanos que se chegará a essa taxa – o dobro do pico máximo de 10% durante a recessão em 2008 -, caso não seja adotado um pacote de estímulo econômico de US$ 1,3 bilhão para suavizar o impacto do vírus.
“Era apenas um enunciado matemático (…) e não vamos deixar que isso aconteça”, disse Mnuchin à emissora CNBC nesta quarta-feira (18), insistindo que a prioridade absoluta era injetar recursos a favor das empresas e dos americanos mais vulneráveis, como forma de evitar as quedas, as demissões e que os moradores não deixem de pagar as suas contas.
“Esse é o pior cenário”, disse o presidente americano, Donald Trump, durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca.
“Não estamos próximos disso”, acrescentou.
Mnuchin disse estar confiante de que o governo obterá o apoio dos republicanos e democratas, as forças que dividem o Congresso.
O Congresso adotou nesta quarta um plano de ajuda social de US$ 100 bilhões destinado aos trabalhadores diretamente afetados pelas consequências do coronavírus.
Enquanto os congressistas e a Casa Branca negociam um plano emergencial maior, o tempo é curto: os economistas consideram que a primeira economia do mundo já está em recessão.
O segundo trimestre “poderá registrar a pior redução na atividade econômica de todos os tempos”, afirma Gregory Daco, da Oxford Economics.
“Não me surpreenderia ver a taxa de desemprego superar os 10% em abril”, disse à AFP, já que 20% do emprego se concentra no setor de serviços, do lazer e da hotelaria, fortemente atingidos pela pandemia.
Torna-se difícil fazer projeções sobre o desemprego por causa da incerteza em relação à duração e a gravidade da pandemia.
Surgida na China no final do último ano, a atual pandemia já deixou 100 mortos e cerca de 6.500 pessoas infectadas nos EUA, segundo os números da universidade John Hopkins.
“Nada pode impedir que a economia quebre”, opina Diane Swonk, economista chefe da Grant Thornton, que projeta até o momento uma taxa de 6,4% de desemprego para os próximos meses.
Antes do surgimento do novo coronavírus, o governo Trump se vangloriava do bom desempenho da economia americana. Em fevereiro, a taxa de desemprego de 3,5% era a menor taxa em meio século.
A taxa de desemprego é um bom medidor para entender o crescimento ou não de uma economia. No entanto, não é um indicador em tempo real: concretamente, apenas aumenta depois do início de uma recessão e continua subindo inclusive depois de uma recuperação econômica.
Durante a crise financeira de 2008, a recessão começou no primeiro trimestre de 2008. No entanto, a taxa de desemprego não chegou ao seu máximo até outubro de 2009, em 10,2%, quando a economia voltava a despontar.