11/04/2020 - 14:17
Mas se a questão das missas, hoje feita de maneira online, ficou “resolvida”, como ficam os demais sacramentos? De forma geral, tudo está suspenso. De acordo com o padre Denilson Geraldo, especialista em direito canônico e diretor do Instituto San Vincenzo Pallotti, de Roma, “depende de cada diocese as orientações para os sacramentos do Batismo, Crisma, Matrimônio e Ordem”. “Todavia, podemos constatar que dificilmente serão celebrados durante a vigência da pandemia.”
Um dos decretos recentes do Vaticano prevê que “um sacerdote pode dar a absolvição geral aos penitentes, internados em um hospital por conta do coronavírus”, comenta Geraldo.
“Os sacramentos estão adiados”, afirma o teólogo e filósofo Fernando Altemeyer Junior, professor da PUC-SP. “Batismo, crisma, matrimônios, ordenações podem esperar o fim da quarentena. Já os dois sacramentos de cura, penitência e unção de enfermos, estão sendo praticados nos lugares mais cruciais onde a doença está. Por isso, padres italianos morreram.”
Tem havido ainda proposições de confissão auricular por celular. “Mas é preciso verificar condições de sigilo e personificação para evitar fake pecador, fake pecados e fake padres.”
Suspensões
“A orientação do meu bispo é para que não se marque celebrações de batismos e casamentos. Os que já estão marcados, que sejam celebrados sem a presença de convidados”, diz o padre Lucas Gobbo, reitor da Casa de Formação São Caetano e vigário da Paróquia de São Geraldo, em Guarulhos. “Jamais me recusaria a dar unção a enfermos, ir até o local para poder lhe conceder isto. É meu dever como padre.”
Para ele, sacramentos de emergência, de cura, são essenciais. “Não podemos fechar totalmente (a possibilidade de) que esses sacramentos aconteçam. E que não exigem participação pública”, pontua.
Caso emblemático é o da confissão. A Igreja não permite que seja feita de forma remota. O papa Francisco já orientou que, por conta da pandemia do novo coronavírus “as pessoas possam se confessar diretamente a Deus – mas que não se esqueça de, assim que possível, procurar um padre”, diz Gobbo.
“É o sacramento mais prejudicado no momento”, avalia o vaticanista Filipe Domingues, doutor pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. “Exige presença. Não pode ser feito por redes sociais, por telefone, por Skype. Só o pecador e o padre, sem qualquer mediador. A Igreja nunca vai mudar isso.”
“Depois da quarentena, acho que não vamos dar conta de tantos atendimentos”, comenta padre Eugênio Ferreira de Lima, da paróquia Cristo Rei, de Ipatinga. “O decreto do Vaticano prevê seguir na vida da igreja e voltar a se confessar quando for possível”, ressalta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.