O dólar subiu ante moedas fortes e emergentes nesta quarta-feira, 15, com os investidores em busca de segurança em meio à incerteza global sobre os impactos da pandemia de coronavírus. Segundo analistas, a moeda americana se fortalece mesmo após dados mostrarem deterioração da economia dos Estados Unidos porque há a percepção de que o resto do mundo será mais afetado pela crise.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 107,48 ienes, enquanto o euro recuava a US$ 1,0919 e a libra cedia a US$ 1,2537. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana frente a uma cesta de seis rivais fortes, registrou alta de 0,58%, a 99,461 pontos.

“Com as ações em queda e o rendimento dos Treasuries caindo, há apenas uma explicação para a demanda voraz por dólares e é a aversão ao risco”, afirma Kathy Lien, diretora-gerente de estratégia de câmbio do BK Asset Management. Desde cedo, prevalece a busca por ativos seguros no exterior, em meio a balanços trimestrais fracos no setor financeiro dos EUA, previsões de recessão global e quedas recordes nas vendas no varejo americano e na produção industrial do país. Além disso, o Livro Bege do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrou expectativas de que as condições piorem nos próximos meses.

Na visão de Lien, mesmo que haja reabertura das economias em maio, algumas regras de distanciamento social e os fechamentos das fronteiras podem permanecer em vigor pelo resto do ano. “Tudo isso deve ser negativo para o dólar, mas pode ser ainda pior para o resto do mundo, o que explica por que o dólar atrai investidores quando os fundamentos dos EUA estão fracos”, acrescenta.

“Previsões sombrias para o crescimento global e os mercados de petróleo em queda sacudiram o sentimento dos investidores e estimularam uma nova rodada de compras em dólares”, comenta o analista de mercado Joe Manimbo, do banco americano Western Union.

Ante moedas emergentes e ligadas a commodities, o dólar também avançou. No final da tarde em Nova York, a moeda americana subia a 24,0377 pesos mexicanos, a 74,873 rublos russos, a 65,6053 pesos argentinos e a 18,7065 rands sul-africanos. De acordo com o Instituto Internacional de Finanças (IIF), a saída de capital de países emergentes já chegou a US$ 100 bilhões desde o início da crise.