30/04/2020 - 12:44
A Liga Árabe denunciou, nesta quinta-feira (30), o projeto de anexação de partes da Cisjordânia ocupada por Israel, de um “novo crime de guerra” contra os palestinos, durante uma reunião virtual da organização com sede no Cairo, organizada a pedido da Autoridade Palestina.
Desde 1967, a Cisjordânia é ilegalmente ocupada sob o direito internacional por Israel.
Na semana passada, e depois de meses de crise política, Israel iniciou um governo de união que prevê a “soberania” de Israel sobre os “assentamentos na Judeia e Samaria”, expressão usada para evocar os assentamentos israelenses estabelecidos na Cisjordânia.
“A implementação de projetos para anexar qualquer parte dos territórios palestinos ocupados desde 1967, incluindo o vale do Jordão (…) e as terras em que os assentamentos israelenses estão localizados, representa um novo crime de guerra (…) contra o povo palestino “, denunciaram os ministros árabes das Relações Exteriores reunidos nesta quinta-feira.
Na declaração conjunta, eles também pediram aos Estados Unidos que “retirem seu apoio ao governo de ocupação israelense neste projeto”.
Em janeiro, o governo dos EUA apresentou um plano altamente controverso para resolver o conflito entre israelenses e palestinos, que inclui a anexação por Israel do vale do Jordão e de mais de 130 assentamentos judeus na Cisjordânia.
Esta anexação significa que esses setores seriam oficialmente parte de Israel e consagrariam a fragmentação da Cisjordânia, que se tornaria território palestino sem continuidade.
Os palestinos rejeitam esse projeto que representa para eles, assim como para muitos países e o enviado da ONU para o Oriente Médio, o fim da solução de dois Estados defendida pela comunidade internacional que prevê um Estado palestino viável coexistindo ao lado de Israel.
O plano americano também propõe que a capital palestina seja em Abu Dis, um subúrbio de Jerusalém. No entanto, os palestinos querem sua capital no setor oriental da cidade santa, ocupada desde 1967 por Israel.
O ministro das Relações Exteriores da Palestina, Ryad al-Malki, disse nesta quinta-feira que a Mesquita Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã, localizada em Jerusalém Oriental, ficaria, segundo o plano, em território israelense.
“A implementação deste projeto transformaria a batalha política em uma guerra interminável de religiões (…) que nunca trará estabilidade, segurança e paz na região”, alertou.
O projeto deve ser apresentado a partir de 1º de julho “ao governo e/ou ao Parlamento de Israel”, de acordo com um acordo concluído entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz sobre um governo de união.