01/05/2020 - 16:25
As medidas que começam a ser adotadas para encerrar o confinamento não incluirão neste momento a abertura de fronteiras, segundo os primeiros movimentos promovidos por países afetados pela COVID-19.
“É muito provável que as fronteiras internacionais permaneçam fechadas pelo menos enquanto a pandemia não for controlada na Europa e nos Estados Unidos, o que não acontecerá ao mesmo tempo”, disse à AFP Luigi Scazzieri, especialista em migrações e relações transatlânticas do centro de reflexão European Reform.
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“Mesmo após o levantamento das restrições, não há necessidade de esperar o retorno à normalidade: possíveis medidas de quarentena e medo podem continuar afetando o turismo e, em menor grau, as viagens de negócios”, alerta.
O fechamento de fronteiras já tem terríveis consequências econômicas para as companhias aéreas e os diversos setores que vivem do turismo, como lojas, restaurantes e hotéis.
– Medo de outra onda de contágios –
Os governos estão estudando a melhor maneira de reabrir suas fronteiras sem riscos à saúde e agora garantem que desejam fazer isso de maneira coordenada, uma grande mudança em relação à proibição de viagens internacionais, que cada país decidiu por si mesmo sem consultar os outros.
No final de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que os viajantes estrangeiros vindos da China não poderiam entrar em seu país. Em 11 de março, ele tomou uma decisão semelhante com a Europa.
Essas medidas, inicialmente criticadas por serem unilaterais, foram repetidas na Europa, Canadá, China e na América Latina como um todo.
Uma por uma, as nações fecharam suas portas para se protegerem contra a pandemia.
“Trinta dias”, disse Trump primeiro. Mas seu decreto para suspender as viagens da China e da Europa se aplica por tempo indeterminado.
O mesmo ocorre na União Europeia, onde o fechamento das fronteiras externas, em vigor a partir de 15 de maio, provavelmente durará um mês ou mais.
A Comissão Europeia recomenda primeiro uma reabertura progressiva das fronteiras entre os Estados-Membros, e somente depois as que separam a região do resto do mundo.
Questionado nesta semana sobre a reabertura de fronteiras, Trump disse que “queria” reabrir seu país ao exterior.
“Isso depende do tempo que leva para a Europa se recuperar”, afirmou, apesar de os Estados Unidos serem o país mais atingido pela COVID-19.
Apesar de tudo, o grande medo é sofrer uma segunda onda de infecções de uma região mais afetada pela epidemia.
– “O último” –
A prioridade dos planos para o fim do confinamento são escolas e lojas, por enquanto, e depois cafés e restaurantes, disse uma fonte diplomática francesa à AFP.
“Turismo e viagens serão a última coisa “, alertou a fonte.
A médio prazo, a pandemia pode até modificar o conceito de livre circulação.
“As fronteiras terão um papel muito maior em nossas vidas”, resume Luigi Scazzieri.
A reabertura provavelmente será feita primeiro em conta-gotas.
A República Tcheca, por exemplo, já reabriu suas fronteiras para algumas viagens de negócios.
O comércio ainda é permitido entre os Estados Unidos e o México. E a China está negociando acordos bilaterais com a Coreia do Sul, Cingapura e outros países para permitir que empresários viajem.
Em Washington, Trump, que já havia implementado medidas para limitar a imigração, tomou novas iniciativas para restringi-la durante a epidemia.
A questão agora é se elas serão mantidas quando a crise da saúde terminar.
– Testes em quem viaja –
O governo americano, no entanto, está começando a pensar no futuro das viagens internacionais.
“Estamos trabalhando para identificar o que será necessário para restaurar voos internacionais, a fim de dar confiança àqueles que querem viajar, que sabem que podem fazer isso com segurança”, disse o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, na quarta-feira.
Já Trump indicou que o governo e as companhias aéreas estão considerando a possibilidade de realizar testes sistemáticos de rastreamento de passageiros que entrarem nos Estados Unidos.
“Nós provavelmente faremos”, disse o presidente republicano.
As companhias aéreas americanas já tomaram medidas para prevenir infecções, como distribuir máscaras, fechar todos os recipientes de comida ou desinfetar cabines entre os voos.
Com essas mudanças, a viagem pode nunca ser como era antes. Pelo menos enquanto não for encontrada uma vacina para a COVID-19.