22/05/2020 - 15:18
A palavra adaptação nunca fez tanto sentido como agora. A pandemia acelerou a mudança na vida de todos e das empresas e, em muitos aspectos, antecipou em cinco ou sete anos o futuro. Fato é: quem não entender as mudanças e inovar, ou mesmo reinventar seus negócios, não sobreviverá ao mundo pós-Covid-19. Mas como recriar uma operação para estar adequado ao novo modelo? Antes de falarmos sobre o “como”, gostaria de primeiro apresentar “o que” precisa ser revisto a tempo deste novo normal. Para isso, quero listar cinco passos que ajudarão as empresas neste ajuste inicial.
O primeiro passo é a velocidade para acompanhar o ritmo das mudanças do mercado e dos hábitos do consumidor. A tomada de decisão estratégica e a execução das ações não poderão mais ser morosas, a empresa ágil terá que sair do Powerpoint e virar ação.
As duas próximas dicas são as formas de comercialização e a disponibilização de novos produtos aderentes ao consumidor digital. A velocidade do modelo de consumo mudou e vai se alterar mais rapidamente com a pandemia e, para isso, a tecnologia e os dados serão imprescindíveis para identificar o perfil do consumidor, seus hábitos, seus desejos. Para dar vazão às oportunidades, as empresas precisarão garantir que as ofertas estejam adequadas com as novas demandas e sendo disponibilizadas nos canais digitais. Um ponto importante neste cenário é estar atento à produtividade de fazer mais com menos para adequar a receita.
A integração de soluções, que será essencial para conectar aplicações prontas que trarão agilidade no processo, é uma das premissas. Junto à infraestrutura de TI, teremos o uso acelerado da Inteligência Artificial, por exemplo, que viverá um caminho sem volta, pois ela nos ajudará a conhecer mais sobre o consumidor, disponibilizar o melhor produto e ainda personalizar a oferta. Vejam a Amazon, que teve suas ações batendo recorde histórico nesta pandemia, passando a valer US$ 1,1 trilhão. Ela é rápida, traz o produto que você quer, entrega num prazo curto e ainda oferece a venda com um clique. Isso é mindset digital!
E aqui entra o quarto aspecto dessa análise, que é a desburocratização. A estratégia definida, assim como a adaptação às mudanças necessárias nos negócios, deve ser implementada rapidamente sem barreiras, sem entraves e, um ponto importante, sem abandonar a governança. O barco deve conseguir mudar de rumo rapidamente e todos devem estar remando na mesma direção. E, por fim, mas não menos importante, vem a comunicação, nosso quinto aspecto que trará a velocidade para reagir e agir rapidamente no nosso novo amanhã.
Não considero arriscado dizer que é mudar ou morrer. E a reinvenção das empresas estará calcada não mais nos famosos quatro “P”s do marketing — produto, preço, praça e promoção —, mas em quatro “D”s: digitalização da operação, democratização da oferta, desmonetização dos preços e desmaterialização do processo (ou produto). E sem a tecnologia não conseguiremos fazer nenhum desses movimentos.
O “digital” é a ferramenta chave para isso e, olhando sob esse aspecto, a área de Tecnologia da Informação precisará se reinventar. Atualmente essa área suporta com excelência a operação atual, mantendo o negócio rodando, porém está muito aquém da agilidade necessária para suportar os negócios na questão inovação. A parceria com empresas inovadoras, ágeis e confiáveis é a tendência do mercado.
O consumo se tornou digital, seja B2C ou B2B. E a gama de usuários aumentou e vai ampliar ainda mais, o que prevê a condição de que não dá mais para fazer produtos que não estejam alinhados a esse novo consumidor. Então, mãos à obra para colocar a Transformação Digital na prática, porque se por anos os CEO´s e o CIO´s não fizeram isso, a covid-19 foi o decisora dessa nova orquestração tecnológica.
Marcel Pratte é CEO do Grupo Viceri, holding de tecnologia da informação especializada em desenvolvimento de software customizado, consultoria e produtos digitais.