10/06/2020 - 9:49
A União Europeia pediu aos gigantes da Internet, nesta quarta-feira (10), que façam mais para combater a “enorme onda de desinformação” desencadeada pela pandemia de coronavírus e apoiou o Twitter em sua batalha contra o presidente Donald Trump.
A UE solicitará que essas plataformas (como Facebook, Twitter e Google) publiquem um relatório mensal sobre as ações adotadas para combater a desinformação relacionada à COVID-19, anunciou a vice-presidente da Comissão responsável pelos valores e transparência, Vera Jourova, em entrevista coletiva ao lado do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
Vera Jourova “elogiou” as medidas já tomadas pelas gigantes da Internet, mas considerou que “devem fazer mais”, apresentando um plano de combate à desinformação.
Os relatórios das plataformas devem se concentrar na natureza da desinformação, no tamanho da rede envolvida, sua origem geopolítica e público-alvo, disse ela.
A ação é baseada na boa vontade das plataformas, mas é do interesse delas despertar “a confiança do usuário”.
A pandemia já levou a UE a pedir que as plataformas propagassem informações de autoridades da saúde, como OMS, e retirassem anúncios de medicamentos falsificados em particular.
O Google bloqueou, ou removeu, mais de 80 milhões de anúncios relacionados ao coronavírus, lembrou Vera Jourova, que também elogiou em abril as iniciativas anunciadas pelo Facebook e pelo Twitter para tentar conter a desinformação.
Em 2018, as gigantes da rede se comprometeram, no âmbito de um “código de boas práticas” lançado pelo Executivo europeu, a agir contra a disseminação de informações falsas. Um código ao qual a rede social TikTok, cuja popularidade explodiu, em breve aderirá, anunciou Vera Jourova.
O chefe do Google Europa, Matt Brittin, reafirmou o apego da gigante americana a esse código e “ao trabalho conjunto para encontrar novas maneiras criativas de continuar a lutar contra a desinformação”.
– “Pluralismo” –
A comissária tcheca elogiou a atitude do Twitter, em conflito aberto com o presidente americano, Donald Trump, um grande usuário da rede social.
O Twitter publicou avisos de “verifique os fatos” em várias mensagens de Donald Trump e ocultou outra sobre os confrontos em Minneapolis para sinalizar uma “apologia à violência”.
Uma atitude distinta da do Facebook que decidiu não denunciar, nem censurar de forma alguma, as mensagens do presidente americano.
“Eu apoio a reação do Twitter aos tuítes do presidente Trump”, disse Vera Jourova, observando que as mensagens em questão não foram excluídas.
A rede social “forneceu informações verificadas. Isso é o que chamo de pluralismo”, considerou.
As medidas apresentadas nesta quarta-feira estão alinhadas com o “Plano de Ação para a Democracia Europeia” e a “Lei dos Serviços Digitais”, que visam a regular melhor os gigantes da tecnologia e que serão apresentados no final do ano pelo Executivo europeu.
Em seu relatório, a UE acusa Rússia e China de terem, por ocasião da pandemia, realizado campanhas de desinformação na UE e em todo mundo.
“A pandemia nos mostrou que a desinformação não prejudica apenas nossas democracias, mas também prejudica a saúde dos nossos cidadãos”, afirmou Vera Jourova.
“Não temos o poder de detê-la, mas temos o poder de dar aos cidadãos uma alternativa, uma verificação, para comparar o que é dito com a realidade”, disse Borrell.
Na luta contra a desinformação, a Comissão pretende promover atividades de pesquisa e verificação de fatos, em particular por meio do novo Observatório Europeu da Mídia Digital.
Operacional desde o início do mês, este observatório é dirigido pelo Instituto Universitário Europeu de Florença (Itália) e reúne o Centro de Tecnologia de Atenas, a Universidade de Aarhus (Dinamarca) e a organização italiana de verificação de fatos Pagella Politica.
A Comissão lançará dentro de um mês “um concurso de 9 milhões de euros para centros de pesquisa em diferentes Estados-membros”, a fim de criar “emulação na liberdade de expressão”, disse Vera Jourova.