11/06/2020 - 8:10
Para Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o governo paulista errou no processo de retomada econômica. Na opinião do especialista, a abertura no interior do Estado ocorreu antes do que deveria.
“Já existia indicação de aumento de casos em cidades como Campinas, Ribeirão Preto e Presidente Prudente. Mas a pressão foi grande para abrir. Não havia nenhum indicador mostrando que era hora de abrir, ao contrário.”
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Ainda segundo Lotufo, diferenciar as zonas de flexibilização entre a capital e a Grande São Paulo foi outra falha, por se tratar da mesma mancha urbana. “Em locais como a (Rua) 25 de Março (no centro paulistano), por exemplo, as pessoas estão correndo risco.”
Para o professor Domingos Alves, professor da Faculdade de Medicina da USP Ribeirão Preto, o Estado não está seguindo os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) para iniciar o afrouxamento da quarentena. As diretrizes determinam que o número de casos e mortes por covid-19 diminua de modo sustentável por, no mínimo, duas semanas. “Uma reabertura mais segura tem de seguir as evidências coletadas no mundo inteiro. Itália e Alemanha fizeram isso. Não há nenhum país que trabalhou com quarentena e relaxamento de mobilidade simultaneamente.”
Ele alerta que, com o comércio aberto na capital, o transporte público será grande foco de transmissão. “Não se pode garantir controle de transmissão com gente dentro do ônibus.”
A Prefeitura de São Paulo tem enfrentado dificuldades nos últimos dias para garantir que só circulem ônibus com passageiros sentados, para evitar aglomerações.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.