16/06/2020 - 8:46
As autoridades de Pequim alertaram nesta terça-feira para a situação epidêmica “extremamente grave” na capital chinesa, onde um novo surto de coronavírus foi detectado na semana passada, com mais de 100 casos registrados até o momento.
A capital chinesa começou a testar dezenas de milhares de pessoas, apesar do fato de que a doença, que surgiu no país no final de 2019, estar praticamente controlada.
O ministro da Saúde anunciou nesta terça 27 novos pacientes em Pequim, elevando para 106 o número total de casos registrados nos últimos cinco dias na cidade, onde não havia contaminação há dois meses.
O novo foco da doença surgiu no enorme mercado atacadista de Xinfadi, ao sul da capital, onde o coronavírus foi detectado na semana passada. Vários casos também foram registrados em outros mercados, agora fechados.
No total, a prefeitura da cidade ordenou o confinamento de cerca de 30 áreas residenciais. Seus milhares de habitantes não podem sair, mas são autorizados a receber comida.
“A situação epidêmica na capital é extremamente grave”, disse Xu Hejian, porta-voz da cidade, a jornalistas, falando de uma “corrida contra o relógio” contra o coronavírus.
No entanto, não há pânico em Pequim, onde desde dezembro aconteceram apenas nove mortes por COVID-19 e nenhuma desde a descoberta do novo surto.
Teme-se, porém, uma segunda onda. A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse acompanhar “muito de perto” a situação e falou em enviar mais especialistas para Pequim.
– “Medo” –
As autoridades municipais querem testar todos os funcionários dos mercados e os responsáveis pelos restaurantes.
Zhao Honglei, gerente de uma mercearia, disse à AFP que seus 13 funcionários tiveram resultados negativos.
Seus clientes parecem tranquilos, mas Zhao explica que os pedidos on-line se multiplicaram nos últimos dias. “As pessoas têm medo de entrar em lojas lotadas onde podem ser contaminadas”, explica.
A cidade de Pequim, com 21 milhões de habitantes, tem capacidade para testar mais de 90.000 pessoas todos os dias, segundo a agência de notícias Xinhua.
Nesta terça-feira, com os termômetros marcando 36ºC na capital, muitos usavam máscaras em um parque, à espera do teste.
“Tento não sair muito”, disse Wu Yaling, aposentado de 57 anos que mora perto de um dos mercados onde ocorreu o surto.
Na segunda-feira, a prefeitura decidiu fechar os locais esportivos e culturais. E várias cidades chinesas anunciaram a quarentena de viajantes de Pequim.
A prefeitura afirma que higienizou 276 mercados e 33.000 restaurantes ou lojas de alimentos, além de ter fechado 11 mercados.
Sete áreas residenciais adicionais, dentre as milhares da cidade, também foram confinadas nesta terça-feira.
Somam-se às 21 que já estavam nessa situação, mas as medidas afetam apenas uma pequena parte da população de Pequim.
“A onda epidêmica provavelmente será rapidamente controlada”, disse Wu Hulin, 23 anos, que trabalha no setor de novas tecnologias. “Porque acho que a China fez um bom trabalho em comparação com outros países”.
Desde 30 de maio, cerca de 200.000 pessoas visitaram o mercado de Xinfadi, onde o vírus foi descoberto em tábuas onde salmão importado era cortado.
Mais de 8.000 funcionários do local, que fornece 70% das frutas e legumes consumidos em Pequim, passaram por testes e foram colocados em quarentena.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) disse na segunda-feira que a cepa descoberta no mercado corresponde a uma cepa frequente na Europa.
Mas isso “não é suficiente para certificar que procedem de frutos do mar importados”, disse o epidemiologista-chefe do CDC, Wu Zunyou, na televisão. “Só poderia vir de uma pessoa contaminada”, disse ele.