O Facebook removeu um anúncio publicado pela campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, que atacava a esquerda e mostrava um triângulo vermelho invertido, símbolo usado pelos nazistas para designar os presos políticos nos campos de concentração.

“Removemos estes anúncios e publicações, porque infringem nosso regulamento sobre o ódio organizado”, declarou um porta-voz da rede social americana nesta quinta-feira (18).

“Não autorizamos símbolos que representam organizações ou ideologias de ódio, a menos que seja para condená-las”, assinalou Nathaniel Gleicher, diretor de normas de segurança cibernética da rede social, ao ser questionado nesta quinta, no Congresso, sobre um artigo do jornal “The Washington Post” que revelava a existência do anúncio.

“Nossas regras proíbem o recurso a esse símbolo … sem o contexto que o condene ou questione”, disse o porta-voz do Facebook.

O texto da propaganda atacava as “hordas perigosas de grupos de extrema esquerda” e convocava os internautas a assinar uma petição contra os “antifa”, que Trump acusou, sem provas, de causar distúrbios durante as manifestações recentes contra a violência policial nos Estados Unidos.

Uma postagem no Twitter do “Trump War Room” (comitê de campanha do presidente), argumentava que o símbolo do triângulo vermelho invertido foi “amplamente utilizado” para se referir aos grupos “antifacistas”.

O grupo de monitoramento Media Matters respondeu na mesma rede social negando essa afirmação.

Desde o início deste mês, a campanha de Trump vem exibindo anúncios “assustadores” sobre os “antifa”, observou a Media Matters.

O triângulo vermelho invertido era aparentemente uma nova citação a esses anúncios, de acordo com a Media Matters, que encontrou pelo menos 88 postagens nas páginas do Facebook com esse símbolo.

Tim Murtaugh, porta-voz da campanha de Trump, disse: “O Facebook ainda tem um emoji com o triângulo vermelho invertido que parece exatamente o mesmo, então é engraçado que ele apenas atente para este anúncio”.

Jonathan Greenblatt, diretor-executivo da Liga Antidifamação, argumentou que a campanha do presidente “precisa aprender história, pois a ignorância não é desculpa para usar símbolos relacionados aos nazistas”.

“Os nazistas usaram triângulos vermelhos para identificar suas vítimas políticas nos campos de concentração. Usá-lo para atacar opositores políticos é muito ofensivo”, acrescentou.

O debate sobre a moderação dos anúncios e declarações políticas nas redes sociais agita os Estados Unidos há meses, a menos de 140 dias das eleições presidenciais.

O Facebook autoriza publicidade com caráter político e se nega a submeter as declarações dos candidatos e políticos a seu programa de verificação de fatos, alegando que os leitores devem formar suas próprias opiniões.

Mas suas mensagens são submetidas às regras gerais contra o terrorismo, a apologia à violência e as informações práticas falsas sobre as eleições.