25/06/2020 - 1:34
A pandemia da COVID-19, que está crescendo nas Américas, pode chegar a 10 milhões de casos na próxima semana, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira, em meio a perspectivas econômicas catastróficas apresentadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI divulgou que o vírus, que causou uma paralisação generalizada das atividades por conta das medidas tentar conter o contágio, causou uma “crise econômica como nenhuma outra”, que poderia contrair o PIB mundial em 4,9% em 2020.
Enquanto muitos países se preparam para reativar suas economias, o fundo alertou que uma possível segunda onda de infecções poderia significar um agravamento do quadro já sombrio.
Ao atualizar seu “World Economic Outlook” (WEO), o organismo financeiro apontou que muitos países enfrentarão uma recessão duas vezes maior do que a sofrida após a crise financeira global de 2008.
A China, onde o vírus surgiu no final do ano passado, será a única economia a crescer neste ano, apenas 1%, segundo o FMI, enquanto os Estados Unidos, principal potência mundial, terão uma redução de 8% no seu PIB.
Na área do euro, a contração será de 10%, com quedas de dois dígitos na Espanha, França, Itália e Reino Unido.
Na América Latina e no Caribe, a recessão será mais aguda do que a estimada em abril, com uma contração do PIB regional de 9,4% em comparação com os 4,2% previstos anteriormente.
O México verá uma queda de 10,5% e o Brasil de 9,1%, enquanto a Argentina, mergulhada em uma enorme crise de dívida externa, cairá 9,9%.
Nesse contexto, os presidentes da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Espanha, Peru, Paraguai, República Dominicana e Uruguai solicitaram ao FMI e a organizações financeiras regionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), mais soluções para aliviar os efeitos econômicos da pandemia, incluindo “possível reestruturação” da dívida.
– “Particularmente intensa” na América Latina –
A pandemia já deixou mais de 480.000 mortos em todo o mundo, de acordo com a última contagem da AFP.
Os Estados Unidos lideram com 121.932 mortes, seguidos pelo Brasil (53.830), Reino Unido (44.081) e Itália (34.644).
Atualmente, o número global de infecções é de 9.381.141, mas o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que pode chegar a 10 milhões na próxima semana.
“Mesmo enquanto continuamos pesquisando vacinas e terapias, temos uma responsabilidade urgente de fazer tudo o que pudermos com as ferramentas que temos agora para interromper a transmissão e salvar vidas”, afirmou.
O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, alertou que a pandemia ainda não havia atingido o pico nas Américas.
É “particularmente intensa na América Central e do Sul”, onde muitos países viram “um aumento de 25 a 50% nos casos durante a semana passada”, declarou, acrescentando que, sem isolar e colocar em quarentena os contaminados, “o fantasma não pode ser descartado” de novos confinamentos.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da OMS, disse que, além da “ampla circulação” do vírus no México, há “transmissão generalizada” na América Central, com “alta incidência” no Panamá e Costa Rica, principalmente na fronteira com a Nicarágua.
Na América do Sul, Brasil, Peru e Chile são os mais afetados.
O Caribe continua a ter surtos de contágio na fronteira do Haiti e na República Dominicana, bem como no Escudo da Guiana.
“Na ausência de tratamentos eficazes ou de uma vacina amplamente disponível, esperamos que nos próximos dois anos na região das Américas experimentemos surtos recorrentes da COVID-19, que podem ser intercalados com períodos de transmissão limitada”, disse a diretora da OPAS, Carissa Etienne.
A situação no Brasil preocupa a agência, que pediu às autoridades locais a aumentar o número de testes de diagnóstico.
Pesquisadores brasileiros começaram a testar uma vacina contra o coronavírus desenvolvida pela Universidade de Oxford em voluntários.
– Maratona de Nova York cancelada –
A China anunciou que o novo surto de coronavírus que infectou cerca de 250 pessoas em Pequim no início de junho está “sob controle”, embora persistam os temores do risco de transmissão da comunidade.
Na Europa, afetada pela pandemia, as altas temperaturas do verão podem levar a um aumento de infecções se as medidas de distanciamento social nas praias e parques forem ignoradas.
Nos Estados Unidos, os governadores dos estados de Nova York, Nova Jersey e Connecticut emitiram uma circular exigindo que visitantes de partes do país atualmente atingidas pela pandemia permaneçam em quarentena por 14 dias.
A disposição, válida a partir da meia-noite, aplica-se a viajantes do Alabama, Arkansas, Arizona, Flórida, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Washington, Utah e Texas.
Nova York, que tem cerca de 20.000 mortos pela COVID-19, cancelou sua famosa maratona, prevista para 1º de novembro.