É um encontro de gigantes. Com 175 anos de história, patrimônio líquido de R$ 12 bilhões, uma carteira de crédito de R$ 110 bilhões e cerca de R$ 1 trilhão em valores agregados sob sua gestão, a marca Safra é reconhecida pela solidez e segurança em todos os mercados nos quais atua. A esses atributos, somam-se agora as credenciais de um dos mais influentes economistas brasileiros: o carioca Joaquim Vieira Ferreira Levy, de 59 anos, doutor pela Universidade de Chicago, ex-ministro da Fazenda, ex-presidente do BNDES e desde 2016 atuando como diretor-geral e diretor financeiro do Banco Mundial. Na terça-feira (23), Levy foi anunciado como responsável pela área de macroeconomia e de relações com o mercado. À reportagem da DINHEIRO, ele confirmou a contratação, mas preferiu manter sigilo sobre os desafios que o aguardam na nova função. O executivo chega no momento em que o banco lança uma nova estratégia de comunicação, retomando uma frase de seu fundador, Jacob Safra (1891-1963), que vem a calhar nos tempos atuais: “Se escolher navegar os mares do sistema bancário, construa seu banco como construiria seu barco: sólido para enfrentar, com segurança, qualquer tempestade”. A mensagem, evidente é que, mesmo em meio à crise, há formas seguras de investir e buscar bons resultados. E dificilmente haveria um nome mais apropriado que o de Joaquim Levy para reforçar a imagem de segurança junto a investidores.

Embora tenha ficado mais conhecido dos brasileiros por ter comandado o ministério da Fazenda durante o primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff, Levy ocupou cargos em grandes instituições dentro e fora do Brasil (leia o quadro em destaque). Bem antes de atuar na gestão pública, inicialmente como secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, Levy fez carreira no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Central Europeu, com atividades nas Divisões de Mercados de Capital e de Estratégia Monetária. Após ter se desligado do Tesouro Nacional, do qual foi secretário entre 2003 e 2006, passou a ocupar a vice-presidência financeira do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

HISTÓRIA DE 125 ANOS Levy conduzirá as estratégias do Banco Safra, presente em 25 países, num momento de concorrência crescente de plataformas de investimentos e fintechs. (Crédito:Divulgação)

Os cargos que melhor o credenciam para a posição que assume no Safra, contudo, são exatamente os que Levy ocupou antes de se tornar ministro: estrategista-chefe e diretor superintendente da Bradesco Asset Management. Ex-colega de Levy na equipe econômica do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, o sócio-fundador da Mauá Capital e ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo acredita que o ex-ministro será de grande valor para o Safra e poderá fazer muita diferença. “O Brasil deve bastante ao trabalho que o Joaquim Levy fez em várias frentes”, diz Figueiredo. “Ele desempenhou de forma a sempre engrandecer os cargos que ocupou, tanto na iniciativa privada quanto no setor público.”

COMPETIÇÃO Assim como tem ocorrido com outros bancos tradicionais, o Safra sabe que precisa de mais argumentos para fazer frente à concorrência crescente de novas plataformas de investimento, fintechs e bancos digitais. Ainda que a tradição pese, a possibilidades de ganhos maiores a partir de propostas mais agressivas de retorno sobre o valor aplicado é o que faz brilhar o olho dos clientes. Com a taxa Selic nos atuais 2,25% ao ano, a menor da história, a tendência é haver uma migração crescente para aplicações de maior risco. E a competição para atrair liquidez será ainda mais acirrada. É aí que alguém com a experiência de Joaquim Levy pode mudar o jogo. Ele sabe, como poucos, como essa indústria funciona e tem autoridade para assegurar que o dinheiro do investidor permaneça em boas mãos, independentemente da tempestade que esteja se formando no horizonte.