01/07/2020 - 12:15
Embora estejam liberados para reabrir desde segunda-feira, de acordo com o plano de flexibilização da Prefeitura de São Paulo, os principais clubes sociais da cidade decidiram aguardar mais uma semana e retomar as atividades apenas no dia 7 de julho. As razões foram a adequação às normas do protocolo e alinhamento à abertura de bares e restaurantes, que devem começar a funcionar na semana que vem. No retorno, clubes apostam em inovações para garantir a higiene.
O principal ponto de atenção são as medidas de higiene e sanitização. Os clubes devem incentivar “ostensivamente”, termo utilizado pelo protocolo municipal, o uso de álcool em gel pelos associados e colaboradores. Em outro trecho, a Prefeitura afirma que “será fundamental realizar um treinamento específico com a equipe para adoção de procedimentos técnicos de desinfecção, semelhantes aos realizados em hospitais”.
O clube Paineiras do Morumby, na zona oeste da cidade, preparou um sistema de desinfecção chamado nebulização para tentar proteger os 24 mil associados. Trata-se de um desinfetante à base de peróxido de hidrogênio e quaternário de amônia aplicado em várias as superfícies, como mesas, cadeiras, guarda-sóis e até nas quadras de tênis. A promessa é de eliminação de bactérias e do novo coronavírus por 72 horas.
“Os protocolos de limpeza mudaram muito e estão bastante rigorosos”, afirma o presidente do clube, Sérgio Nabhan, que também dirige a Associação de Clubes Esportivos e Sócio-Culturais de São Paulo (Acesc), que reúne 20 clubes e mais de 170 mil associados.
O Club Athletico Paulistano, também na zona oeste, instalou câmeras térmicas na entrada principal para a triagem de colaboradores e associados que apresentem quadros de febre. Paulo Cesar Movizzo, presidente do clube, considera que a gravidade da pandemia exige inúmeros cuidados para cumprir o protocolo que, na sua opinião, é “cuidadoso e criterioso”.
A exemplo de outros clubes, a Hebraica, também na zona oeste, aposta em uma câmara de desinfecção de uso obrigatório. Com tecnologia israelense, o túnel borrifa uma solução à base de prata capaz de combater microorganismos, bactérias e também o novo coronavírus, com duração de 24 horas. Já o Pinheiros preparou uma cartilha com 116 páginas, dividida em sete blocos setoriais, do acesso e circulação à alimentação, atividade esportiva e rotina administrativa, em que projeta três fases de abertura.
Para o Sindicato dos Clubes do Estado, a reabertura exige cautela. “Acredito que nem todos vão abrir com força total. Temos de evitar o risco de ter de fechar dentro de 15 ou 20 dias, como aconteceu com outras capitais”, diz o empresário Paulo Cesar Movizzo, também presidente da entidade.
O acordo para reabertura dos clubes foi assinado no sábado. Cada clube ficará responsável pela definição do horário de funcionamento. Não há limitação como no comércio de rua, por exemplo. Bares e restaurantes localizados dentro dos clubes, no entanto, seguem o protocolo específico: só funcionam por seis horas e com apenas 40% da capacidade.
Em relação ao uso do espaço, estão liberadas as áreas abertas para atividades ao ar livre. Mas existe uma barreira importante. Mesmo nessas áreas, os esportes de contato, como futebol, basquete e vôlei, também estão proibidos. E estão vetadas ainda áreas infantis (parquinhos), piscinas, academias e atividades coletivas orientadas por profissionais.
Outra medida importante é a limitação do número de associados a 40% da capacidade máxima. O objetivo, mais uma vez, é evitar aglomerações. O controle de acesso nos principais clubes será feito por meio de catracas eletrônicas. Daniel Bialski, presidente da Hebraica, afirma que o porcentual não deve ser atingido na primeira fase. “Vamos limitar a presença. O importante é avaliar como as pessoas vão se comportar. É uma fase de adaptação”, diz o empresário, que revela ter pedido a instalação de marcadores no chão de várias áreas do clube para delimitar a distância de 1,80 metro.
Primeiro dia
Embora a maioria dos clubes tenha decidido aguardar uma semana para reabrir, alguns clubes começaram a funcionar logo na segunda-feira. Foi o caso do Clube Esportivo da Penha. Com controle de temperatura na entrada e oferta de álcool em gel inúmeros pontos, o clube da zona leste ofereceu apenas caminhada e pesca esportiva, o que permitiu reduzir o número de funcionários. O presidente Luiz Piconi revela que a procura dos visitantes foi pequena, bem distante dos 10 mil associados que o clube apresenta hoje.
“As pessoas sabem que a pandemia não terminou. Além disso, nós tivemos a liberação neste fm de semana e elas estão se preparando para voltar ao clube nos próximos dias. Por fim, o frio atrapalhou”, diz o líder do clube com 90 anos de história. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.