02/07/2020 - 12:58
A Venezuela decidiu nesta quinta-feira suspender a expulsão da embaixadora da União Europeia (UE) em Caracas, medida após a qual o governo de Nicolás Maduro espera “gestos” dos europeus, que haviam alertado para um “isolamento internacional” do país.
O desenlace ocorreu horas antes de expirar o ultimato de 72 horas que Maduro deu, na última segunda-feira, à diplomata Isabel Pedrosa, e após uma conversa entre o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, e o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.
“O governo venezuelano decidiu tornar sem efeito a decisão”, anunciaram em comunicado conjunto Arreaza e Borrell, que defenderam “manter o marco das relações diplomáticas”, especialmente quando a cooperação puder facilitar “os caminhos do dialogo político”.
Na segunda-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deu à diplomata portuguesa 72 horas para deixar o país, em resposta às sanções europeias contra 11 autoridades venezuelanas por ações contra a oposição, liderada por Juan Guaidó.
Embora a UE, como bloco, não reconheça Guaidó como presidente interino da Venezuela, as novas sanções foram vistas como um sinal de apoio ao opositor. A maioria opositora no Parlamento da Venezuela condenou, assim, a “expulsão inaceitável”, com a qual, segundo Guaidó, Maduro e seus funcionários tentam “parecer fortes em um momento de fragilidade institucional”.
– ‘Gestos’ –
A Venezuela se tornou em 2017 o primeiro país latino-americano sancionado pela UE, que também impôs um embargo de armas. Paralelamente, o bloco busca aliviar a crise humanitária naquele país e a crise de refugiados nos países vizinhos.
Os europeus não querem romper os canais de diálogo com Maduro – que conta com o apoio da Rússia e China na busca por uma saída para a crise -, motivo pelo qual alertaram Caracas que a expulsão da embaixadora poderia levar a um “isolamento internacional”. O chefe da diplomacia europeia havia ameaçado, inclusive, com “medidas de reciprocidade”.
“Voltar atrás foi um gesto para não entorpecer o diálogo com a UE e esperamos que também haja gestos da Europa para ter uma posição muito mais objetiva”, disse o chanceler venezuelano em entrevista ao canal Telesur.
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