02/07/2020 - 18:01
Os Estados Unidos emitiram uma ordem de confisco da carga de quatro petroleiros que transportam gasolina do Irã para a Venezuela, alegando laços com uma “organização terrorista estrangeira”, anunciou nesta quinta-feira o Departamento de Justiça. A medida se inscreve na escalada da pressão contra Teerã e Caracas, aliadas entre si e inimigas declaradas de Washington.
A ação, apresentada ante a corte federal para o Distrito de Columbia, afeta os navios Bella, Bering, Pandi e Luna, que se dirigem à Venezuela. Os fiscais alegam que a carga envolve afiliados aos Guardiões da Revolução do Irã, exército encarregado de defender os valores ideológicos da república islâmica e que consta da lista negra americana de “organizações terroristas estrangeiras”.
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Citando uma “fonte confidencial”, a ação judicial aponta que Mahmoud Madanipur, ligado aos Guardiões da Revolução, organizou as remessas de gasolina à Venezuela, usando companhias offshore e transferências embarcação a embarcação, para driblar as sanções americanas contra o Irã.
“Os ganhos com a venda de petróleo respaldam toda a gama de atividades nefastas dos Guardiões da Revolução, como a proliferação de armas de destruição em massa e suas formas de distribuição, o apoio ao terrorismo e vários abusos contra os direitos humanos, no país e no exterior”, diz o comunicado do Departamento de Justiça.
A ordem de apreensão, emitida pelo juiz federal James Boasberg, dispõe que toda a gasolina iraniana seja levada sob jurisdição exclusiva da corte federal para o Distrito de Columbia. Mas não informa como o governo americano prevê confiscar a carga.
Desde a retirada unilateral dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, em maio de 2018, o governo de Donald Trump voltou a impor duras sanções contra a república islâmica. Caracas, aliada de Teerã, também é alvo de uma bateria de medidas punitivas de Washington, que considera o governo de Nicolás Maduro ilegítimo.
Entre maio e junho, cinco navios transportando 1,5 milhão de barris de gasolina e insumos do Irã chegaram à Venezuela, outrora potência petroleira, cuja produção desabou, obrigando o país a importar combustível nos últimos anos. O Irã prometeu continuar fazendo remessas à Venezuela.