08/07/2020 - 16:26
O Facebook anunciou nesta quarta-feira (8) ter desativado contas de Roger Stone, aliado de longa data do presidente americano, Donald Trump, após uma investigação revelar ligações com uma rede envolvida em atividade de desinformação nas eleições de 2016 nos Estados Unidos. Também foram alvos contas falsas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro.
Contas pessoais de Stone no Facebook e Instagram estão entre as páginas removidas como repressão a um “comportamento coordenado não autêntico” em várias partes do mundo, segundo o gigante das redes sociais. O Facebook também mirou em contas falsas ligadas ao presidente Jair Bolsonaro e a redes em Canadá, Equador e Ucrânia que disfarçavam suas verdadeiras origens.
As descobertas sobre a rede de Stone foram feitas a partir da publicação recente de documentos da investigação feita pelo procurador especial Robert Mueller sobre a trama russa para influenciar o resultado das eleições americanas de 2016, segundo o chefe de políticas de segurança do Facebook, Nathaniel Gleicher.
– Memes pró-Bolsonaro –
O Facebook também bloqueou uma campanha de desinformação no Brasil vinculada ao PSL e a funcionários dos gabinetes de Bolsonaro e aliados do presidente. A atividade no país incluiu a criação de pessoas fictícias que se apresentavam como repórteres, apontou o Facebook.
As contas falsas publicavam conteúdo sobre eleições, opositores, jornalistas, memes políticos e, recentemente, dedicavam grande espaço à crise do coronavírus, segundo o Facebook. A rede desativada no Brasil estava ligada aos gabinetes de Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro, e dos deputados estaduais do Rio de Janeiro Anderson Moraes e Alana Passos, segundo o Facebook.
O laboratório de Investigação Digital do centro Atlantic Council, que trabalhou com o Facebook, encontrou “contas falsas e duplicadas que promoviam Bolsonaro e seus aliados em vários grupos da rede social.”
Também foram descobertas páginas com centenas de milhares de seguidores que publicavam memes pró-Bolsonaro e conteúdo que depreciava seus críticos, apontaram os investigadores.
“Embora estas páginas não mencionassem abertamente que estavam conectadas a Bolsonaro e seus aliados, várias estavam ligadas a equipes de políticos pró-Bolsonaro.”
Uma outra rede, com origem no Canadá e Equador, tinha foco em El Salvador, Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador e Chile, segundo o Facebook.
Esta rede publicava notícias sobre seus países-alvo, com tópicos que incluíam política, ativismo, elogios e críticas a candidatos políticos, informou Nathaniel Gleicher.
Uma investigação do Facebook encontrou ligações com consultores políticos e ex-funcionários do governo em Equador e na Estraterra, empresa canadense de relações públicas, que foi banida das plataformas da rede social.
Uma rede desativada na Ucrânia esteve particularmente ativa durante as eleições presidenciais de 2019 naquele país, publicando memes políticos, sátiras e outros conteúdos, inclusive sobre Crimeia, Otan, política econômica da Ucrânia, eleições, críticas e apoio a vários candidatos, segundo o Facebook, que vinculou esta atividade à agência de publicidade ucraniana Postmen DA.
O Facebook se encontra sob pressão de vários grupos de defesa dos direitos humanos e centenas de anunciantes que lançaram um boicote à rede social, exigindo da mesma um controle maior do discursos de ódio e dos discursos que promovem o racismo e discriminação.