13/07/2020 - 12:49
Os chanceleres da União Europeia (UE) debatem, nesta segunda-feira (13), sua relação “não especialmente boa” com a Turquia, um aliado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e na gestão migratória, cujas ações preocupam cada vez mais os europeus.
“A relação com a Turquia não é especialmente boa neste momento”, reconheceu, antes da reunião em Bruxelas, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, sobre o “tema mais importante da agenda” do encontro.
Há várias frentes em pauta.
Os europeus acusam Ancara de fazer perfurações “ilegais” frente à costa do Chipre, país da UE, e reclamam de suas ações no conflito na Líbia, em apoio ao governo de Fayez al-Sarraj.
A França, em particular, critica Ancara por violar o embargo de armas contra a Líbia decretado pela ONU e por ter atacado uma de suas fragatas durante um controle dessa decisão no Mediterrâneo oriental.
Na Síria, a Turquia combate os curdos, aliados da coalizão internacional contra os extremistas do Estado Islâmico. E, em seu país, o governo de Recep Tayyip Erdogan é acusado de violar os direitos humanos.
Nesse contexto, a decisão do presidente Erdogan de transformar em mesquita a antiga basílica de Santa Sofia, um monumento emblemático para a Igreja Ortodoxa, aumenta a tensão – em especial com a Grécia.
“Este é o último elo de uma cadeia de provocações”, disse o ministro austríaco das Relações Exteriores, Alexander Schallenberg, pedindo uma atitude mais firme em relação a Ancara.
Segundo, a Turquia “simplesmente não é mais um parceiro confiável na Europa”.
Seu colega luxemburguês, Jean Asselborn, chamou a decisão de Hagia Sophia de “ataque à civilização” e considerou que este país candidato à adesão à UE “está indo na direção errada” em termos de “democracia e direitos humanos”.
– Recado para a Turquia –
O objetivo da reunião, nas palavras da chanceler espanhola, Arancha González Laya, é como “endireitar, nas próximas semanas”, as ações de um país com “laços privilegiados” com a UE e “parceiro da OTAN”.
Estes dois últimos fatores complicam uma eventual resposta dura da UE, como solicitam alguns países.
“A dinâmica da retaliação não torna o Mediterrâneo uma área mais segura e estável”, alertou Borrell, recentemente.
Lembra-se que a UE precisa, por exemplo, do apoio da Turquia para controlar a chegada de migrantes à costa grega, como demonstra o polêmico acordo alcançado em 2016 com Ancara em meio à crise migratória e que reduziu drasticamente sua chegada.
Com este trunfo em seu poder, Erdogan anunciou em fevereiro passado a abertura da fronteira com a Grécia, causando o afluxo de dezenas de milhares de migrantes, e acusou a UE de não cumprir seus compromissos de visto.
A Alemanha, que acaba de assumir a presidência da UE, não quer uma nova crise de migrantes, disse uma autoridade europeia à AFP. Recentemente, a Eurocâmara aprovou € 485 milhões para ajudar refugiados na Turquia.
A primeira reunião presencial dos ministros das Relações Exteriores da Europa desde o confinamento deve levar a um “consenso claro” para entrar em negociações “urgentes” para amenizar a situação, segundo uma autoridade europeia.