O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, acusou neste domingo (19) Pequim de cometer “violações graves e escandalosas contra os direitos humanos” da minoria uigur em Xinjiang, uma vasta região do noroeste da China.

“Está claro que existem violações graves e chocantes dos direitos humanos”, disse Raab à BBC. “É profundamente, profundamente chocante”.

Sobre informações relativas a “esterilizações forçadas” ou à existência de “campos de reeducação”, ele enfatizou que “lembram algo que vimos há muito tempo, e isso em um país membro do primeiro plano da comunidade internacional, que quer ser levado a sério”.

“Queremos uma relação séria (com a China), mas não podemos ver tal comportamento sem denunciá-lo”, acrescentou.

Especialistas e organizações de defesa dos direitos humanos acusam Pequim de ter aprisionado até um milhão de muçulmanos, principalmente da etnia uigur, em campos daquela região, em nome da luta antiterrorista, o que a China nega.

As declarações do ministro das Relações Exteriores britânico ocorrem em um momento em que as relações entre Londres e Pequim atravessam um momento de grande tensão, após a imposição pela China de uma lei de segurança nacional em Hong Kong e a exclusão pelo Reino Unido da gigante chinesa Huawei de sua rede de telecomunicações 5G.

O embaixador da China no Reino Unido, Liu Xiaoming, alertou que Pequim responderá “resolutamente” se Londres impor sanções às autoridades chinesas sobre a situação em Xinjiang, como já aconteceu com os Estados Unidos.

Em 10 de julho, a China anunciou represálias contra Washington, um dia após as sanções dos EUA contra várias autoridades chinesas acusadas de reprimir os uigures.

Raab disse que informará na segunda-feira os deputados sobre as medidas suplementares de Londres contra a China, considerando a lei de segurança uma “violação grave” da autonomia de Hong Kong.