22/07/2020 - 9:58
O foguete está pronto e as últimas verificações estão sendo feitas. A China lança uma sonda para Marte nesta semana, uma missão complicada que reflete suas crescentes ambições espaciais contra os Estados Unidos.
O lançamento está marcado para sábado, na ilha tropical de Hainan (sul), conhecida por suas praias e hotéis 5 estrelas. Mas o clima ou ventos desfavoráveis podem atrasar o evento.
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A missão Tianwen-1 (“Perguntas ao céu-1”) levará uma sonda composta por três elementos: um orbitador de observação, que girará em torno do planeta vermelho, um módulo de aterrissagem e um robô por controle remoto, encarregado de analisar o solo marciano.
A China não é a única que quer enviar uma sonda a Marte. Os Emirados Árabes Unidos enviaram a sua (“Esperança”) na segunda-feira e Estados Unidos lançará uma (“Marte 2020”) em 30 de julho.
Esses países buscam se beneficiar da atual distância reduzida entre a Terra e o planeta vermelho.
Para percorrer este longo trajeto, de aproximadamente 55 milhões de km – o equivalente a quase 5.000 idas e voltas entre Paris e Nova York -, a sonda chinesa levará cerca de sete meses. Chegará ao campo de gravidade de Marte em fevereiro de 2021.
Tianwen-1 é “semelhante às missões Viking americanas de 1975-1976” em termos de “escala e ambição”, explica à AFP Jonathan Mcdowell, astrônomo no Centro Harvard Smithsonian para a Astrofísica, nos Estados Unidos.
Longe da competição espacial feroz entre Estados Unidos e União Soviética durante a Guerra Fria, o país asiático recupera terreno.
Enviou seu primeiro homem ao espaço em 2003, fez pequenos robôs (os “coelhos de jade”) pousarem na Lua em 2013 e 2019, e acaba de terminar em junho a constelação de satélites de seu sistema de navegação Beidu, rival do GPS americano.
Mudança significativa na conquista do espaço
A missão em Marte é a próxima grande etapa do programa chinês, que também prevê a construção de uma estação espacial em 2022.
“O fato de a China se juntar à conquista de Marte mudará a situação atual, dominada pelos Estados Unidos há meio século”, destaca Chen Lan, analista do site Gotaikonauts.com, especializado no programa espacial chinês.
De acordo com especialistas, a experiência da China na Lua será muito útil para sua missão em Marte.
De fato, das quarenta missões soviéticas, americanas, europeias, japonesas ou indianas lançadas ao planeta vermelho desde 1960, a maioria fracassou.
Em 2011, a China tentou conquistar Marte com sua sonda Yingho-1, aclopada a uma nave russa, que acabou sofrendo um colapso.
Longe das estipulações, a China se mostra cautelosa depois de registrar alguns fracassos desde o início de 2020, com lançamentos frustrados e o retorno fracassado à Terra de uma cápsula espacial.
Os meios de comunicação chineses oferecem uma cobertura modesta dos preparativos e o lançamento do foguete Long Marche 5, que levará a sonda a Marte, não deve ser transmitido ao vivo pela televisão.