23/07/2020 - 16:43
O aumento nos casos de coronavírus nos Estados Unidos alimentou novos pedidos de seguro-desemprego, que chegaram a 1,4 milhão, enquanto o Congresso começa a discutir um novo pacote de estímulo econômico diante de uma pandemia que não diminui.
Os dados piores do que o esperado abrem caminho para um debate legislativo para estender os benefícios de desemprego que expiram no final do mês, um projeto de lei que o Congresso está discutindo após a aprovação de um plano de incentivos de 2,2 trilhões de dólares em março.
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“Na semana que terminou em 18 de julho, o número provisório de pedidos iniciais foi de 1,4 milhão, um aumento de 109.000 em relação aos dados revisados da semana anterior”, afirmou o Departamento em um comunicado.
Esses números surpreenderam os analistas, que esperavam uma queda que chegaria a 1,285 milhão.
Esta é a primeira vez desde abril – quando os números começaram a se estabilizar após a onda de demissões com o início do confinamento em março – que o indicador de desemprego sobe semana a semana.
O fechamento de comércios e serviços devido ao confinamento elevou esse indicador a 6,9 milhões no final de março, caiu para 1,3 milhão no início de julho, o equivalente ao dobro do que o país sofreu durante a crise financeira há mais de uma década.
O aumento da circulação do vírus em várias regiões do país levou ao fechamento de estabelecimentos comerciais, pela segunda vez, na tentativa de conter as infecções.
País com mais mortes por coronavírus, com mais de 143.190 óbitos, os Estados Unidos registraram 64.000 novos casos nas últimas 24 horas, segundo a Universidade Johns Hopkins.
“A mensagem geral é que uma economia capaz de se recuperar está estagnada pelas preocupações de saúde”, alertou no Twitter o principal assessor econômico da Allianz, Mohamed A. El-Erian.
Na Flórida, 173 mortes por coronavírus foram registradas nesta quinta-feira, o maior número diário de óbitos, em meio a mais de 10.000 novos casos por dia há quase três semanas.
Nesse estado, novos pedidos de seguro-desemprego subiram para 65.890 nesta semana.
Para Gregory Daco, da Oxford Economics, “os alicerces da recuperação estão desabando sob o peso de uma crise de saúde mal administrada”.
O aumento na transmissão do vírus e seu impacto no mercado de trabalho chegam a 100 dias das eleições presidenciais, frustrando as expectativas de Donald Trump, que esperava chegar à votação com níveis recordes de emprego, já que antes da pandemia, em fevereiro, o nível de desemprego estava em 3,5%.
Esse contexto levou Trump a uma mudança em seu discurso nesta semana e a admitir que a crise da COVID “vai piorar antes de melhorar”.
– Um debate sobre as políticas de incentivo –
Essa alta nos pedidos de seguro-desemprego acontece às vésperas do fim da ajuda adicional de US$ 600 por semana aos desempregados e enquanto o Congresso negocia um novo plano de ajuda.
O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse em uma entrevista à CNBC nesta quinta-feira que o governo Trump se opõe a estender o auxílio, já que muitas pessoas estariam recebendo mais do que quando trabalhavam.
“Não vamos continuar com esse formato, porque não pagaremos mais às pessoas do que ganhariam trabalhando para mantê-las em casa”, disse Mnuchin.
O governo Trump busca que os desempregados possam ter um apoio equivalente a 70% de seu salário, além de incentivar a ajuda fiscal para promover a contratação.