27/07/2020 - 17:44
Advogados da diretora financeira da Huawei, detida no Canadá no final de 2018 a pedido dos Estados Unidos, exigiram nesta segunda-feira (27) que se tornem públicos documentos do serviço secreto que, segundo eles, comprovam uma trama entre o FBI e as autoridades canadenses.
Durante uma audiência por videoconferência no Tribunal Federal de Ottawa, os advogados de Meng Wanzhou, filha do fundador da gigante chinesa de telecomunicações, apresentaram uma nova ação para tentar impedir que sua cliente seja extraditada para os Estados Unidos.
Os defensores exigiram que seja revelada a versão completa de vários documentos elaborados antes e depois da prisão de Meng em 1º de dezembro de 2018, no aeroporto de Vancouver. Uma versão resumida desses registros já foi divulgada.
Os advogados estimam que os documentos comprovam uma conspiração entre as autoridades dos dois países da América do Norte. Meng foi presa a pedido do tribunal dos EUA, onde é acusada de ter violado as sanções americanas contra o Irã. A prisão provocou uma crise diplomática sem precedentes entre Ottawa e Pequim.
Scott Fenton, um dos advogados de Meng, lembrou nesta segunda-feira que sua cliente foi interrogada por três horas no aeroporto de Vancouver, sem saber os motivos, antes de ser oficialmente detida. Segundo ele, isso constitui uma violação de seus direitos que justifica o fim do processo de extradição.
“Ela nem sequer recebeu as razões de sua prisão” durante essas três horas, disse o advogado nesta segunda-feira. “Ela foi enganada”, acusou.
O representante do Departamento de Justiça Robert Frater se opôs à publicidade de uma versão completa dos documentos. Ele negou qualquer “conspiração” com o FBI, acusações, segundo ele, baseadas em “conclusões ultrajantes extraídas de declarações vazias”.
Em depoimento à corte de Vancouver em julho, uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores disse que a divulgação dos documentos poderia “reacender as tensões” entre Ottawa e Pequim e colocar os canadenses em risco.
Dias depois da prisão de Meng em Vancouver, os canadenses Michael Kovrig, ex-diplomata e seu colega, o consultor Michael Spavor, foram presos na China, acusados de espionagem em meados de junho.
Estas prisões são amplamente vistas no Ocidente como medida de retaliação pela prisão de Meng. A audiência no Tribunal Federal de Ottawa foi adiada e será retomada a portas fechadas na quinta-feira.