29/12/2010 - 21:00
O que define um superesportivo de luxo? John Hill, diretor de vendas da Bugatti para as Américas, encontrou a descrição ideal para o Bugatti Veyron, lançado no Brasil no último Salão do Automóvel de São Paulo.
“É um carro que pode tanto te levar a mais de 400 km/h numa estrada como servir para ir à ópera”, define o executivo. Realmente. O carro, de R$ 8 milhões na versão Veyron Grand Sport, atende aos dois extremos de um estilo de vida de alto padrão e velocidade, como conferiu a DINHEIRO com exclusividade em uma estrada próximo a Porto Feliz (SP).
“Quem dirigir saberá que um Bugatti é uma coisa única”, afirma Pierre Henri Raphanel,
piloto oficial da marca, que orienta os compradores do carro de R$ 8 milhões
À primeira vista, o modelo já impressiona. Seu design é futurista, mas, ainda assim, resgata características dos modelos mais antigos e que ajudaram a construir a imagem da cultuada marca franco-italiana. Como sua grade dianteira, inspirada em selas de cavalo, referência à paixão de seu fundador, Ettore Bugatti, pela montaria.
Pilotar essa joia rara do século XXI é uma experiência ímpar. O piloto oficial da Bugatti, o francês Pierre Henri Raphanel, me acompanhou nesse momento inesquecível. Antes de me passar o comando do conversível, ele explicou que, apesar da enorme potência, o Veyron pode ser dócil.
“Ele pode ser a bela e a fera ao mesmo tempo”, diz. Por dentro, o espaço é generoso. Mas esqueça as bagagens. O único bagageiro disponível fica debaixo do capô e, mesmo assim, não leva mais do que uma mala pequena – isso se a capota dobrável for dispensada.
Chega a hora mais esperada. Sento no lugar do motorista, ajeito a posição dos retrovisores e noto que a visibilidade não é das melhores. É como se estivesse sentado no chão (o carro é baixo), vendo tudo de baixo para cima.
As faces da fera: o modelo Grand Sport (dois lugares) é conversível, tem um motor W16 (junção de dois V8) e
seu acabamento luxuoso, todo em couro, pode ser customizado de acordo com o gosto do comprador
Giro a ignição. Nada acontece. Raphanel me avisa que é preciso apertar um botão próximo à alavanca de câmbio. Obedeço. Aí, sim, a cavalaria acorda. Haja tímpanos! Tenho a impressão de que há uma turbina de avião atrás de mim.
Por estar a poucos centímetros do asfalto, é possível sentir todas as imperfeições da estrada. Na primeira oportunidade que tenho com pista mais livre, resolvo experimentar a fúria do motor.
Com cautela, pressiono o pedal até o meio de seu curso. O motor, que parecia assoviar, agora grita. O velocímetro marca 180 km/h. Mesmo assim, vejo que, naquele momento, estou usando apenas 200 dos mais de mil cavalos de força disponíveis. O juízo fala mais alto e tiro o pé e, até nosso destino, não arrisco mais. Mesmo assim, foram mais 40 minutos de emoção.
Feito inteiro de materiais nobres como fibra de carbono e titânio, o Veyron tem motor 16,4 litros, com 16 cilindros em W (junção de dois V8), que desenvolve 1.001 cv de potência. É a mesma potência de 12 carros populares.
O Bugatti é o carro de produção mais veloz da atualidade. O recorde de 431 km/h foi atingido por Raphanel em julho com um Veyron Super Sport – 199 cv a mais do que o Grand Sport. Para administrar tamanha potência, o bólido tem câmbio de du–pla embreagem de sete marchas, inspirado nos da Fórmula 1, e tração integral.
Uma joia de engenharia deste quilate não tem uma produção simples. Tudo é feito artesanalmente. Ao encomendar o carro hoje, o comprador só o receberá no fim de 2011. Depois de cinco meses da encomenda, deve-se ir à sede da marca, em Molsheim, França, para escolher os materiais de acabamento.
Por fim, na entrega, o privilegiado novo proprietário passa por um treinamento com o próprio Raphanel, para aprender a domar a fera. A marca dispõe também de cinco técnicos, responsáveis por pequenos grupos de clientes. “São como padrinhos. Cada proprietário tem o seu à disposição.
Tudo o que houver de errado com o carro, eles resolvem”, conta Manfred Behrend, diretor de atendimento ao cliente da montadora. Além disso, todo Veyron tem um minicomputador que armazena informações técnicas e que pode ser monitorado pela marca à distância.
Mas será que vale a pena esperar tanto tempo para ter um na garagem? Os franceses juram que sim. “Quem dirigir este carro saberá, pelo resto da vida, que um Bugatti é uma coisa única”, diz Raphanel.