07/08/2020 - 10:08
A calprotectina, uma proteína produzida pelo corpo durante a inflamação, pode desempenhar um papel importante em casos graves da COVID-19 e atacá-la pode ajudar a combater o agravamento da doença – diz um estudo de pesquisadores franceses.
De acordo com este trabalho, publicado na quinta-feira (7) na revista Cell, há “uma taxa muito alta, entre 100 e 1.000 superior ao normal, desta proteína, a calprotectina, em pacientes com coronavírus grave.
+ Na Índia, a epidemia ganha espaço nas pequenas cidades e no campo
+ Pandemia arrasa continente americano e se espalha pela Índia e África
“Nossos resultados sugerem que a calprotectina pode ser responsável pelo agravamento da COVID-19”, disse o principal autor do estudo, o pesquisador de imunologia Aymeric Silvin, em um comunicado.
Muitos trabalhos no mundo todo procuram entender melhor os mecanismos da “tempestade de citocinas”, uma reação inflamatória descontrolada e excessiva relacionada com as formas graves de coronavírus.
“O forte aumento de calprotectina no sangue pode intervir antes da tempestade de citocinas associada à inflamação em pacientes que desenvolvem uma forma grave”, acrescentou Silvin.
Em tese, seria possível detectar pacientes com risco de desenvolver uma forma grave da doença, testando-se o nível de calprotectina no sangue, conforme o comunicado das organizações francesas por trás dessas pesquisas (Gustave Roussy, AP-HP e Inserm), em colaboração com equipes estrangeiras (Singapura, China e Israel).
Essa pista também pode oferecer “uma abordagem terapêutica inédita”, dado que o bloqueio do receptor da calprotectina poderia ajudar a combater o agravamento da doença.
“Essas estratégias devem ser avaliadas com testes químicos”, diz o comunicado.
O estudo se apoia na análise do sangue de 158 pacientes internados em emergências por suspeita de COVID-19.
Em pacientes mais graves, além da alta taxa de calprotectina, as análises revelaram um funcionamento anormal de certos glóbulos brancos, o que enfraquece a resposta imunológica.
Portanto, analisar esses dois fatores na entrada de um paciente no hospital pode ajudar a identificar o risco de adquirir formas mais severas da doença.
“O diagnóstico precoce de uma forma grave de COVID-19 pode ser feito em um tubo de sangue”, disse no comunicado Michaela Fontenay, chefe do Serviço de Hematologia Biológica do Hospital Cochin de Paris.