20/08/2020 - 15:58
O chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, avaliou nesta quinta-feira, 20, que, apesar da queda na arrecadação de julho na comparação com o mesmo mês de 2019, o ritmo de retração das receitas vem caindo. A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 115,990 bilhões em julho, um recuo real (descontada a inflação) de 17,68% na comparação com o mesmo mês de 2019. Já em relação a junho deste ano, houve aumento de 33,99% no recolhimento de tributos.
Malaquias destacou que os indicadores macroeconômicos de julho ajudam a explicar o resultado da arrecadação no mês na comparação com julho do ano passado. “Apesar da queda ante 2019, a trajetória é de recuperação na indústria e no comércio”, apontou.
De acordo com dados do IBGE de julho, houve quedas na produção industrial (-10,05%), nas vendas de bens (-0,90%) e serviços (-12,10%). Todas essas retrações são menores que os recuos verificados em maio e junho. Já a redução do valor em dólar das importações (-28,55%) continuou em patamar semelhante ao dos meses anteriores.
Malaquias citou ainda o aumento expressivo de 95,83% no montante de compensações tributárias em julho, chegando a R$ 18,701 bilhões, ante R$ 9,550 bilhões no mesmo mês do ano passado. “Tivemos quase o dobro de compensações tributárias em julho”, afirmou.
Ele apontou ainda os impactos de R$ 516 milhões com diferimento da cobrança de tributos na crise e de R$ 2,351 bilhões com a desoneração temporária do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incide sobre operações de crédito.
“Descontados esses fatores atípicos (compensações e desonerações), a arrecadação de julho chegaria a R$ 132,108 bilhões, com uma queda de apenas 5,72% em relação ao mesmo mês do ano passado”, completou.
O aumento em relação a junho também pode ser explicado pela sazonalidade da arrecadação. “O mês de julho é o que chamamos de cabeça de trimestre com o recolhimento dos impostos pelas empresas que apuram pela sistemática trimestral”, explicou.