28/08/2020 - 14:25
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu nesta sexta-feira (28) à Rússia que se abstenha de intervir na crise de Belarus e “respeite as escolhas democráticas” dos bielorrussos.
“Somente o povo bielorrusso deve determinar seu próprio futuro. Se a Rússia acredita na independência e soberania de uma nação, deve respeitar as vontades e escolhas democráticas do povo bielorrusso”, disse Borrell à imprensa.
“Escutei muitas vezes da Rússia o mantra de que o que acontece em Belarus é um assunto interno e que não queria interferência externa. Suponho que isso também seja válido para eles”, acrescentou, após uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do bloco, em Berlim.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, cujo país desempenha um papel-chave para resolver a crise, anunciou na quinta-feira estar pronto para enviar miliatres a Belarus caso os protestos contra a controversa reeleição de Lukashenko em 9 de agosto piorassem.
O presidente bielorrusso afirmou, em meados de agosto, que recebeu a promessa de “ajuda” de Moscou para preservar a segurança de seu país.
Nesta sexta-feira, Lukashenko acusou os ocidentais de quererem derrubá-lo com a finalidade de atingir Moscou, e disse que seu país era “só um trampolim até a Rússia, como sempre”, segundo a agência de notícias estatal Belta.
– “Lukashenko na lista de sanções?”
A reunião de chanceleres em Berlim aprovou uma lista de cerca de vinte funcionários do governo bielorrusso que serão sancioados e proibidos de viajar para a UE, advertidos por sua participação na polêmica eleição ou na repressão contra os opositores.
Borrell disse à imprensa que a lista aumentará nos próximos dias e que inclui “altos funcionários” do governo.
No entanto, não respondeu à pergunta sobre se incluirá Lukashenko, um assunto que divide os europeus.
“Eu acredito que ele deve estar na lista”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Linas Linkevicius, cujo país acolheu a opositora Svetlana Tikhanóvskaya, rival de Lukashenko na eleição e que reivindica a vitória.
Já seu homólogo do Luxemburgo, Jean Asselborn, pediu prudência ao estimar que incluir Lukashenko poderia prejudicar os esforços da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que em 17 de agosto propôs uma mediação em Minsk.
O presidente da OSCE, o primeiro-ministro albanês Edi Rama, denunciou em Viena a situação “profundamente alarmante” em Belarus, pedindo ao governo de Lukashenko que aceite a mediação.
“Podemos desempenhar o papel e ajudar o diálogo. Por favor, dê uma oportunidade a esta oferta”, pediu, referindo-se a Lukashenko, durante uma reunião especial do conselho permanente da OSCE sobre a situação na antiga república soviética.
Lukashenko enfrenta há três semanas uma inédita onda de protestos, com dezenas de milhares de manifestantes que consideram fraudulenta sua reeleição com 80% dos votos.
A Ucrânia, que interrompeu seus contatos com Belarus, anunciou nesta sexta-feira que está disposta a acolher os bielorrussos que fugirem da repressão em seu país.