01/09/2020 - 7:33
O Facebook ameaçou, nesta terça-feira (1), impedir que usuários e mídia australianos compartilhem notícias, caso seja adotado um projeto de lei para forçar os gigantes digitais a pagarem pelo conteúdo fornecido pela imprensa.
Os australianos não teriam mais o direito de compartilhar informações nacionais, ou internacionais, no Facebook, ou no Instagram, afirma a empresa norte-americana, dizendo que essa decisão é “a única forma de se proteger contra uma consequência que desafia a lógica”.
+ Senador propõe que redes sociais paguem veículos por uso de conteúdo jornalístico
+ Austrália cogita obrigar Facebook e Google a pagar por conteúdo de notícias
Em julho, Camberra revelou o rascunho de um “código de conduta vinculante”, que forçaria gigantes da Internet, como Google e Facebook, a pagarem por seu conteúdo à mídia australiana, em dificuldades financeiras.
O código também prevê a transparência dos algoritmos usados para elaborar a ordem de aparição dos conteúdos, assim como penalidades de milhões de dólares em caso de violação.
Este projeto de lei “interpreta mal a dinâmica da Internet e causará danos aos órgãos de imprensa que o governo tenta proteger”, disse o CEO do Facebook na região, Will Easton.
“O mais desconcertante é que obrigaria o Facebook a pagar a grupos de imprensa pelo conteúdo que postam voluntariamente em nossas plataformas e a um preço que ignora o valor financeiro que trazemos para eles”, lamenta em um comunicado.
Acusou também a Polícia da Concorrência Australiana (ACCC), autora do código, de “ignorar fatos importantes” durante o processo de consulta que terminou na segunda-feira (31).
“O ACCC parte do pressuposto de que o Facebook é o beneficiário máximo de seu relacionamento com os grupos de imprensa, quando na realidade é o contrário”, estimou.
“As informações constituem uma fração do que eles veem em seu ‘feed’ de notícias, e não é uma grande fonte de receita para nós”, de acordo com Easton.
Easton disse que o Facebook gerou 2,3 bilhões de cliques em sites australianos nos primeiros cinco meses de 2020, ou 200 milhões de dólares australianos (US$ 126,5 milhões).
Disse ainda que a empresa se preparou para o lançamento na Austrália do “Facebook News”, uma seção de notícias lançada nos Estados Unidos no ano passado.
“Em vez disso, nos resta a opção de retirar totalmente as notícias, ou aceitar um sistema que permita que grupos de imprensa nos cobrem por quanto conteúdo quiserem a um preço sem limites precisos”, acrescentou.