01/09/2020 - 2:38
O grupo sul-coreano Samsung enfrenta um período de incerteza após o indiciamento por fraude do herdeiro e diretor do conglomerado, envolvido em uma operação destinada a fortalecer indevidamente sua posição na empresa.
O vice-presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong, é acusado de manipulação na Bolsa, de quebra de confiança e de outros crimes no momento da fusão, em 2015, de duas subsidiárias do conglomerado, Samsung C&T e Cheil Industries, de acordo com os procuradores.
Outros dez executivos da Samsung foram indiciados.
Lee e seus subordinados executaram uma “manobra sistemática para tomar o controle do Samsung Group ao menor custo”, afirma o MP, que cita “transações fraudulentas” que prejudicaram os interesses de outros acionistas.
Ele já está sendo julgado em outro processo separado por suborno, fraude e outras acusações, um caso vinculado ao escândalo de corrupção que derrubou a agora ex-presidente sul-coreana Park Geun-hye.
O empresário não foi detido, mas as acusações apresentadas contra ele prejudicam o imenso conglomerado, que também enfrenta os efeitos da pandemia de coronavírus.
A Samsung Electronics é a marca símbolo das empresas subsidiárias do grupo, que foi fundado pelo avô de Lee e que cresceu tanto até virar o maior dos conglomerados familiares do país, conhecidos como “chaebols”. Eles controlam boa parte da indústria e da economia da Coreia do Sul, a 12ª maior economia do planeta.
O conglomerado concentra o equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) sul-coreano e representa um elemento crucial para a economia do país asiático.
A economia da Coreia do Sul registrou queda 3,2% no trimestre entre abril e junho, em ritmo anual, de acordo com os dados revisados pelo Banco central da Coreia.
– Unilateral –
Os advogados de Lee rejeitam as acusações, que consideram de caráter “unilateral e totalmente falsas”.
“Cada procedimento para as fusões aconteceu de forma legal”, afirmam os advogados, que classificaram o indiciamento de Lee “não apenas incompreensível, mas lamentável”.
As famílias fundadoras dos “Chaebol” têm uma participação menor no capital de seus impérios, mas conseguem manter o controle sobre os grupos com uma série de redes complexas e participações cruzadas entre acionistas.
Lee era o maior acionista da Cheil Industries. Seus críticos afirmam que a Samsung tentou artificialmente reduzir o preço de outra subsidiária, a C&T. O objetivo seria conseguir uma participação maior na empresa criada após a fusão, essencial na estrutura do grupo Samsung. Desta maneira, ele estabeleceria seu poder no conglomerado.
Os problemas legais de Lee podem gerar “incerteza” na empresa e podem impor uma “carga para a economia sul-coreana em seu conjunto”, afirma Kim Dae-jong, professor de Economia Financeira na Universidade Sejong de Seul.
“O fato de ser submetido a um novo julgamento provoca nuvens de incerteza e provavelmente afetará o planos de investimento a longo prazo da Samsung”, completou.
E, com o país afetado economicamente pela pandemia, “o momento não é o melhor”, conclui.