03/09/2020 - 9:47
A perspectiva de um aumento de impostos para financiar os bilhões de libras de ajuda governamental gastos no combate ao impacto do coronavírus se perfila no Reino Unido, mas os economistas advertem para o risco de fazê-lo cedo demais, dada a fragilidade da economia.
A imprensa britânica afirmou recentemente, citando fontes anônimas, que o ministro das Finanças está considerando aumentos que podem chegar a entre 20 e 30 bilhões de libras (US$ 22,5-33,6 bilhões), incluindo impostos sobre combustíveis, introdução de um imposto sobre vendas online, harmonização de impostos sobre o capital financeiro e aumento do imposto sobre as sociedades.
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Na quarta-feira, o próprio ministro Rishi Sunak alertou os parlamentares britânicos que o governo terá que “fazer coisas difíceis”, mas tentou tranquilizá-los, prometendo que não viveriam “um filme de terror com aumentos intermináveis de impostos”.
Ele ressaltou, porém, a necessidade de mostrar aos britânicos “que estamos prevendo reequilibrar as finanças públicas”.
No final de julho, a dívida pública britânica ultrapassou a marca de 2 trilhões de libras, um recorde histórico que simboliza o impacto brutal da pandemia de coronavírus e da ajuda injetada pelo governo, em particular para preservar os empregos.
Ao mesmo tempo, o Produto Interno Bruto (PIB) despencou 20,4% no segundo trimestre como consequência do confinamento.
Essa contração sem precedentes reduziu significativamente as receitas fiscais, além dos cortes temporários de impostos feitos para setores enfraquecidos, como hotéis e restaurantes.
Como resultado, o déficit público aumentou a níveis sem precedentes, atingindo 150,5 bilhões de libras entre abril e julho.
Nesse contexto, alguns economistas expressaram preocupação com um aumento prematuro da tributação.
“Este não é o momento de aumentar os impostos: a economia ainda está frágil, a recuperação está apenas começando”, comentou o think tank IFS em nota.
Ele admite, porém, que esse momento vai chegar e aponta que haverá muitas maneiras de aumentar os impostos.
Além de aumentar os três principais impostos – sobre a renda, contribuições para a previdência social e imposto sobre o valor agregado – impostos específicos relacionados à poluição também podem ser considerados, dizem os especialistas.
“Ou podem focar, por exemplo, nos maiores rendimentos e fortunas”, embora “a melhor opção seja não aumentar os impostos, mas reformá-los”, como o imposto sobre as sociedades, observa o IFS.