11/09/2020 - 9:49
A ONG Greenpeace estendeu, nesta sexta-feira (11), uma faixa gigante na fachada da sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, para denunciar o desmatamento da floresta amazônica, especialmente no Brasil, com uma mensagem categórica: “Amazônia queima, Europa é culpada”.
Colocada de madrugada na fachada da sede do Executivo europeu, a faixa mostra a imagem da vegetação em chamas. Em um dado momento, dois alpinistas que desceram com cordas do topo do prédio usaram dispositivos de fumaça reais nas laterais do enorme banner.
“Os incêndios na Amazônia estão longe, mas a Europa está jogando petróleo nas chamas. Ao comprar soja e outros produtos de áreas desmatadas, a Europa é cúmplice da destruição”, denunciou Sini Erajaa, ativista responsável pela campanha agrícola e florestal do Greenpeace.
“Os europeus deveriam poder fazer compras sabendo que nenhum item em seu supermercado contribuiu para incêndios florestais, ou violações dos direitos humanos. Precisamos de uma lei europeia forte”, insistiu ele, em um comunicado.
Segundo o Greenpeace, com suas importações de carne bovina, soja, óleo de palma, café, ou cacau, a UE é “responsável por mais de 10% do desmatamento no mundo”.
“As empresas se comprometeram voluntariamente, há uma década, a acabar com o desmatamento em sua cadeia de abastecimento. Mas não funcionou”, declarou à AFP Sébastien Snoeck, ativista do Greenpeace que estava na frente do prédio da Comissão.
Esses produtos “continuam a serem importados pela Europa com muito pouco controle”, afirmou Snoeck.
Segundo ele, “não podemos contar” com o governo do presidente Jair Bolsonaro para proteger a maior floresta tropical do mundo, onde os incêndios aumentaram 28% em julho de 2020, em relação a julho de 2019.
Por isso mesmo, preocupa o vasto acordo comercial ainda não ratificado entre UE e Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Cada vez mais Estados-membros expressam sua forte relutância em validar este acordo, devido à ameaça ambiental no Brasil.
Embora a Comissão Europeia tenha acabado de lançar uma consulta pública para refinar sua estratégia contra o desmatamento, “é bom lembrar que compromissos voluntários não funcionaram, e que ações muito concretas devem ser tomadas”, argumentou Snoeck.