12/09/2020 - 18:07
Neymar anunciou neste sábado que assinou contrato com a marca esportiva alemã Puma, duas semanas depois de anunciar o fim de quinze anos de vínculo com a americana Nike.
Confira abaixo as questões levantadas após o anúncio desta união comercial entre as partes.
– Golpe estratégico da Puma?
Desde a aposentadoria do velocista jamaicano Usain Bolt, a empresa alemã não teve personalidades com a aura de Neymar em sua lista de embaixadores.
“Até cerca de 2012 ou 2013, a Puma perdeu muito espaço no mercado de equipamentos de futebol. Eles se concentraram um pouco no estilo de vida e nos esportes marginais”, diz Peter Rohlmann, especialista em marketing esportivo na Alemanha.
“A partir desse período, eles tentaram voltar, chegando a acordos com grandes clubes, como Borussia Dortmund (2012) e depois Manchester City, Marselha, Milan, Valencia. A Puma também aproveitou a saída da Adidas de vários clubes ‘médios'”, acrescentou o especialista.
Mas até agora, apesar de ter Antoine Griezmann ou Marco Reus, “eles estão encontrando dificuldades para contratar grandes jogadores, ícones do futebol, embaixadores da marca”, destacou.
Com Neymar, “a Puma é instantaneamente equipada com uma cabeça de gôndola, que tem popularidade na França por exemplo de um Justin Timberlake (cantor canadense)”, diz Jérôme Neveu, co-presidente fundador da agência francesa Advent, que mede e analisa a imagem de personalidades.
“É o mesmo tipo de transferência que Federer ou Jordan (…) Estamos em um mercado de superstars, a oferta é muito fraca e poucos players podem oferecer tamanho potencial de marketing”, afirma Christophe Lepetit, economista do Centro de Direito e Economia do Esporte (CDES), da cidade francesa de Limoges.
Com um faturamento de 6,5 bilhões de dólares em 2019, a marca de roupas esportivas permanece está muito atrás de suas duas rivais Nike (46,3 bilhões dólares) e Adidas (23,5 bilhões dólares).
Mas antes de ser duramente atingida pela pandemia da covid-19 como seus concorrentes (vendas caíram 15,4% no primeiro semestre de 2020), a marca alemã estava em uma trajetória ascendente.
A contratação do Neymar é, dessa forma, uma aposta para melhorar as vendas e tentar competir com os mastodontes Nike e Adidas.
“Isso marca sua vontade de estar bem presente. E isso a instala permanentemente no trio”, resume Virgile Caillet, secretária-geral da Union Sport et Cycle, a federação francesa de empresas esportivas.
Nada vazou sobre o contrato “mas pode-se estimar que 8 milhões de euros (9,5 milhões de dólares, por ano) pelo mercado atual”, diz Peter Rohlmann.
Mas esses contratos também dependem dos resultados esportivos: “Se o jogador não ganhar títulos ou prêmios, ele pode ter menos do que esperava.”
– Um divórcio surpresa? –
“Nunca saberemos com precisão as razões subjacentes para o fim da união” com a Nike, diz Christophe Lepetit.
O contexto da covid-19 pode ter influenciado e “não conhecemos as demandas de Neymar”, acrescentou.
“A participação de mercado da Nike no futebol tem diminuído lentamente nos últimos três ou quatro anos, antes da crise do coronavírus. A Nike deve conter os gastos e mostrar cautela”, explicou Peter Rohlmann.
– Duas marcas no PSG? –
Para o clube parisiense, finalista da última Liga dos Campeões, o divórcio de sua estrela com a Nike, patrocinadora oficial do clube, não é um problema.
Neymar não é o único jogador com contrato com uma marca de roupas esportivas diferente de seu clube. Lionel Messi, por exemplo, é da Adidas, enquanto o Barcelona tem a Nike. Mas o PSG “pode se tornar o porta-estandarte dos clubes da Nike”, diz Virgile Caillet, e o fato “do craque não estar com eles é irritante”, afirmou.
Em junho de 2019, o PSG prorrogou seu caso de amor com a Nike até 2032, assinando “o contrato de patrocínio mais importante de sua história”. Seu valor não foi divulgado, mas uma fonte próxima ao clube falou em “quase 90 milhões de dólares” anuais.