Israel, que assina nesta terça-feira (15) em Washington acordos de normalização com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, tem relações turbulentas com o mundo árabe e já travou, oficialmente, oito guerras desde sua criação, em 1948.

Antes desses dois países do Golfo, Egito e Jordânia já haviam estabelecido relações oficiais com Israel, em 1979 e 1994, respectivamente.

– Guerras –

Em 14 de maio de 1948, três anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e do extermínio de mais de seis milhões de judeus pelos nazistas, David ben Gurion, apoiando-se em uma decisão da ONU, proclamou o Estado de Israel em uma parte da Palestina.

Um dia depois, os exércitos árabes (Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque) entram em guerra contra o novo Estado, que conquistou uma vitória esmagadora em 1949. Mais de 760.000 palestinos foram empurrados para o êxodo, ou foram expulsos de suas casas.

Em outubro de 1956, três meses depois de o Egito nacionalizar o Canal de Suez, Israel enviou seus tanques e a Força Aérea no ataque ao Sinai e chegou ao canal. Pressionada pela ONU, pelos Estados Unidos e, posteriormente, pela então União Soviética, Israel se retirou.

Em 5 de junho de 1967, Israel inicia a chamada Guerra dos “Seis Dias” contra Egito, Síria e Jordânia, tomando Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Faixa de Gaza, a colina síria de Golã e o Sinai egípcio.

Em 6 de outubro de 1973, Egito e Síria atacam Israel no Sinai e no Golã. Após sérias derrotas iniciais, o exército israelense contra-ataca e consegue manter suas posições, mas sofre graves perdas.

– Paz com Egito –

Em novembro de 1977, o então presidente egípcio Anwar al-Sadat fez uma visita histórica a Israel. O gesto abriu caminho para os acordos de Camp David menos de um ano depois.

Em 26 de março de 1979, o então premiê israelense, Menahem Begin, e o presidente egípcio fecharam o primeiro tratado de paz árabe-israelense em Washington.

– Invasão do Líbano –

Em 6 de junho de 1982, tropas israelenses invadem o Líbano e sitiam Beirute. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), de Yasser Arafat, deve deixar o país. As tropas israelenses ocupam o Sul até 2000.

Após o sequestro de soldados israelenses pelo movimento Hezbollah em 2006, Israel lança uma ofensiva devastadora no Líbano.

– Paz com a Jordânia –

Em 26 de outubro de 1994, o primeiro-ministro israelense, Isaac Rabin, e o jordaniano, Abdel Salam Majali, assinam um tratado de paz que garante a segurança na fronteira mais extensa de Israel.

– Intifadas e acordos de Oslo –

No final de 1987, os palestinos da Cisjordânia e de Gaza lançaram a “guerra das pedras”, a primeira intifada contra a ocupação israelense.

Em 13 de setembro de 1993, após negociações secretas em Oslo, Israel e a OLP assinaram acordos sobre a autonomia palestina em Washington. Foram selados com um aperto de mão histórico entre Isaac Rabin e Yasser Arafat, que retorna aos territórios ocupados e estabelece a Autoridade Palestina.

Em novembro de 1995, Rabin é assassinado por um extremista judeu.

Em setembro de 2000, uma visita polêmica do líder da direita israelense Ariel Sharon à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental levou à eclosão da Segunda Intifada.

Mais uma vez, o exército israelense ocupou as principais cidades da Cisjordânia e lançou, em março de 2002, a maior ofensiva neste território desde 1967.

Em 2005, Israel se retirou unilateralmente da Faixa de Gaza, na qual impôs um bloqueio por terra, ar e mar, depois que o movimento islâmico Hamas assumiu o controle do território em 2007. A Faixa de Gaza foi palco de três grandes operações militares israelenses desde 2008.

– Apoio de Trump –

Em 6 de dezembro de 2017, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, provocando a ira dos palestinos e a rejeição da comunidade internacional.

Em 14 de maio de 2018, os Estados Unidos transferiram sua embaixada para Jerusalém. Em março de 2019, o presidente dos EUA assina o decreto que reconhece a soberania de Israel sobre as Colinas de Golan.

Em 28 de janeiro de 2020, ele apresenta um polêmico plano que prevê a anexação de setores da Cisjordânia por Israel.

– Normalização com Emirados e Bahrein –

Em 13 de agosto, os Emirados Árabes Unidos e Israel concordam em normalizar suas relações no âmbito de um pacto anunciado por Trump. Segundo Abu Dhabi, o acordo prevê a suspensão, por parte de Israel, da anexação de setores da Cisjordânia. Netanyahu afirma, porém, que se trata apenas de uma suspensão temporária.

Em 11 de setembro, Donald Trump anuncia que Bahrein e Israel vão normalizar suas relações.

Os líderes palestinos chamam os acordos de “punhaladas pelas costas” por parte dos árabes.