15/09/2020 - 22:06
Sobral, a cidade cearense que ficou conhecida como a melhor do Brasil nos últimos anos por causa do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), caiu no ranking e deu lugar à desconhecida Mucambo. Também no Ceará e próximo de Sobral, o município surpreendeu ao crescer seu indicador de 6,8 para 9,4 em 2019 e se tornar o maior Ideb do País entre 1º e 5º ano do ensino fundamental.
“Estamos soltando fogos”, disse ao Estadão o prefeito Francisco das Chagas Parente Aguiar, conhecido como Canarinho (PDT). “Esperávamos um crescimento, mas não ser a primeira do Brasil.” A cidade tem 14 mil habitantes e 15 escolas apenas.
Aguiar disse que teve ajuda do Estado do Ceará para viabilizar políticas, como melhorar a formação dos professores e investir em material didático próprio. A parceria entre Estados e municípios na educação, com investimento em dinheiro e em apoio técnico, é um dos pilares do sucesso da educação cearense.
“Isso significa que as nossas crianças e jovens terão um futuro melhor. Tudo isso é possível graças às parcerias que temos realizado com os nossos municípios. São resultados que nos enchem de orgulho e indicam que estamos no caminho certo para termos um estado mais desenvolvido, justo e humano”, disse o governador Camilo Santana (PT) em live nesta terça-feira, 15. Em 2019, 98,9% dos municípios cearenses atingiram a meta do Ideb.
Sobral, no entanto, apesar de altíssimo, diminui seu índice de 9,1 para 8,4. A cidade, que já foi primeira colocada no País, foi para a 10ª posição. Segundo o secretário de Educação de Sobra, Hebert Lima, os dados ainda estão sendo analisados escola por escola. No entanto, o município é muito maior do que outros que registraram resultados superiores; são quase 150 mil habitantes.
Além do Ceará, Alagoas também teve destaque nesta edição, com 94,1% dos municípios que atingiram a meta nos anos iniciais do fundamental. Três cidades do Estado ficaram nas primeiras colocações dos rankings do fundamental: Coruripe, Teotônio Vilela e Jequiá da Praia.
Para a gerente de pesquisa e desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Guedes, Alagoas tem feito um trabalho de colaboração intermunicipal expressivo, com ajuda para formação continuada dos professores, por exemplo. Ela lembra, no entanto, que apesar dos ótimos exemplos, o País precisa de uma política mais focada nos anos finais do ensino fundamental.
“É necessária uma política para a transição do 5º ano para 6º ano, em que o aluno deixa de ter uma professora principal, precisamos de projetos para estimular esse adolescente”, diz. Segundo os dados dos anos finais do fundamental, 22 Estados aumentaram seus índices, mas apenas sete alcançaram a meta de 2019: Amazonas, Piauí, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraná e Goiás. E só 23% dos municípios do País chegaram ao desempenho estipulado para este Ideb. As menores quantidades de cidades com nota suficiente estão no Pará e no Rio de Janeiro.