20/10/2020 - 11:35
Os cientistas pediram aos governos que atuem contra a desconfiança da população em uma futura vacina contra a covid-19, um sentimento que pode pôr em risco o sucesso de uma ampla cobertura de vacinação – de acordo com um estudo publicado nesta terça-feira (20).
“Na maioria dos 19 países estudados, os atuais níveis de aceitação de uma vacina contra a covid-19 são insuficientes para responder às demandas de imunidade coletiva”, advertem os autores deste estudo realizado em junho e publicado na revista Nature Medicine.
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Pelo menos 72% das 13.400 pessoas entrevistadas disseram que se vacinariam, se “uma vacina disponível contra a covid-19 comprovasse sua eficácia e segurança”. Já 14% responderam que se negariam, e outros 14% se mostraram indecisos.
A taxa de aceitação está crescendo com força, com três países em quase 60%: França (58,8%), Polônia (56,3%) e Rússia (54,8%). Em outros três, esse percentual passa de 80%: China, Brasil e África do Sul.
“Descobrimos que o problema da indecisão em relação à vacina está fortemente relacionado a uma falta de confiança no governo”, comentou um dos coordenadores do estudo, Jeffrey V. Lazarus, pesquisador do Instituto de Saúde Global de Barcelona.
Segundo os autores do estudo, “é cada vez mais evidente que uma política transparente, baseada em dados conclusivos, e uma comunicação clara e precisa será exigida por todos os interessados” – a começar pelos governos.
Para liderar campanhas de prevenção eficazes, eles pedem para que se dê “uma explicação cuidadosa sobre o nível de eficácia de uma vacina, o tempo necessário para proteção [com doses múltiplas, se necessário] e a importância da cobertura de toda população para obter imunidade coletiva”.
Especialmente porque “ativistas antivacina já estão fazendo campanha em vários países contra a necessidade de uma vacina, com alguns deles negando completamente a existência de covid-19”, alertam os cientistas.
De acordo com outro estudo publicado na semana passada, no jornal britânico Royal Society Open Science, até um terço da população em alguns países é suscetível de acreditar em informações falsas e teorias de conspiração sobre a covid-19.
Em torno de 33% dos entrevistados mexicanos e 37% dos espanhóis (e entre 22% e 23% no Reino Unido e nos Estados Unidos) consideram “confiável”, por exemplo, a teoria de que o coronavírus foi deliberadamente fabricado em um laboratório em Wuhan, a cidade chinesa onde a pandemia dem dezembro passado.