11/02/2020 - 11:33
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) da França registrará contração de 10% em 2020, com a expansão acima da esperada no terceiro trimestre revertida no três últimos meses do ano, quando deve haver nova retração. Para 2021, a projeção é de que haja crescimento de 5% a 6%, a depender da evolução do coronavírus. Antes, a instituição estimava que a atividade econômica francesa recuaria 12,5% este ano e avançaria 7,3% no próximo.
Em relatório divulgado hoje, após missão oficial ao país, o FMI destacou que o governo francês respondeu à ameaça do coronavírus com um “grande e flexível” pacote de estímulos. No entanto, com a segunda onda de casos de coronavírus e a implementação de novas restrições à circulação de pessoas, o Fundo aponta que as perspectivas enfraqueceram.
“Um plano fiscal de médio prazo confiável e ambicioso como plano de consolidação deve ser preparado agora para ser implementado apenas quando a recuperação econômica está em ritmo acelerada”, sugere o documento.
A entidade acrescenta que a retomada depende da trajetória do vírus, que voltou a se disseminar pelo continente europeu nas últimas semanas. Um eventual prolongamento da crise de saúde pode ameaçar o processo, de acordo com o FMI. “Riscos mais amplos, como um Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) sem acordo comercial, aperto nas condições financeiros, aumento nas tensões sociais e a aceleração da ‘desglobalização’ também podem pesar sobre as perspectivas econômicas”, explica.
Nesse cenário, o Fundo recomenda que o governo não enxergue o endividamento como a maior preocupação do momento e implemente estímulos de forma “direcionada e temporária”, uma vez que o espaço fiscal é limitado. “Cortes de impostos permanentes ou aumento de despesas
devem ser evitados ou acompanhados por medidas compensatórias específicas de modo a
evitar o acúmulo de problemas fiscais adicionais quando a crise diminuir”, orienta.
Sobre os bancos, a análise ressalta que o setor entrou na pandemia com níveis de capital satisfatórios, o que evitou perdas significativas. “Vigilância contínua é necessária, no entanto, já que a deterioração da qualidade dos ativos por conta de perdas corporativas podem representar risco para a já limitada lucratividade bancária”, pontua.
O FMI sugere ainda que a França aproveite a oportunidade para acelerar o processo em direção a uma economia mais verde, produtiva e inclusiva. “As políticas podem orientar a recuperação para abordar objetivos de longo prazo, como aumento da produtividade, cumprimento de metas de mitigação das mudanças climáticas e melhor proteção aos setores mais vulneráveis da sociedade”, conclui.