05/11/2020 - 8:28
Cada vez mais dependente do lucrativo setor de videogames, a gigante japonesa Sony lança seu novo console PlayStation 5 em 12 de novembro, dois dias depois do novo Xbox da Microsoft, em uma aposta sem espaço para erros.
O PlayStation 5 trava outra guerra acirrada com o novo Xbox, na esperança de que ambos conquistem uma fatia do mercado com vistas ao Natal.
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Desde o lançamento do PS1 em 1994, a indústria de jogos se tornou a maior linha de negócios da Sony, gerando uma boa parte dos lucros e cerca de um terço das vendas, mais do que eletrônicos, ou música.
Em comparação, para a Microsoft, a indústria de jogos foi responsável por menos de 10% das vendas no ano fiscal encerrado em junho de 2020.
A Sony vendeu o dobro de PS4s que a Microfost do Xbox One, e analistas dizem que ela aprendeu uma lição com os resultados decepcionantes do PS3.
“Dois fatores influenciam o lançamento de uma nova geração de consoles: ser a primeira a lançar e a mais barata”, diz Morris Garrard, analista da Futuresource, que lembra o “fracasso relativo” do PS3, lançado um ano depois de seu rival e mais caro.
Desta vez, o preço de venda de ambos os consoles está na casa dos US$ 500 dólares.
Os dois desenvolvedores vendem, por sua vez, uma versão sem CD player, mas o PS5 será mais caro (US$ 400) que o XBox Series S (US$ 300) e que é menos potente.
– Baterá o recorde do PS2? –
Para evitar que o console esgote, a Sony aumentou sua produção mesmo que o ritmo fosse definido por empresas terceirizadas, como a TSMC, um fornecedor taiwanês do processador do console e placa de vídeo, que também equipa celulares 5G.
“O que a Sony fabricar será vendido”, disse Yasuo Imanaka, analista da Rakuten Securities. Mas “tudo vai depender do ritmo de produção da TSMC”, apontou à AFP.
Imanaka acredita que o PS5 pode quebrar o recorde do PS2, que saiu em 2000 e que já vendeu um total de 157 milhões de consoles.
Para se diferenciar de seu concorrente Xbox, a Sony tem um catálogo exclusivo de jogos que “fortalecerão ou quebrarão” o PS5, afirmou o presidente da Sony Interactive Entertainment, Jim Ryan.
Entre os exclusivos da Sony, está o novo “Spider-Man: Miles Morales”, cujo antecessor estava entre os melhores de vendas do PS4.
A desenvolvedora do jogo, o estúdio americano Insomniac Games, tornou-se no ano passado a 14a empresa de videogames controlada pelo grupo Sony, adquirida por US$ 229 milhões.
Essa tendência de internalizar desenvolvedores cada vez mais caros também acontece na Microsoft, que anunciou em setembro a compra do ZeniMax por US$ 7,5 bilhões.
“Cerca de 70% dos jogos” no PlayStation vêm de terceiros, diz Amir Anvarzadeh, estrategista da Asymmetric Advisors.
A cada venda, a Sony recolheu os direitos de acesso (royalties) ao seu console, mas a pressão das editoras de videogames está forçando uma revisão em baixa.
Quando essa nova estrutura for finalizada, a Sony “terá dificuldades porque precisará vender o dobro” de consoles para obter o mesmo resultado. “Crucial para seus lucros de longo prazo”, completa Amir.
Em um momento em que o mercado caminha para uma dinâmica “cross-play”, com jogadores usando o mesmo jogo em diferentes consoles, ou computadores, os desenvolvedores têm “cada vez menos incentivos para trabalhar com uma única plataforma”, enfatiza Anvarzadeh.
A Microsoft, que está mais bem posicionada nesse sentido, propõe uma fórmula de assinatura para acessar uma centena de jogos tanto no Xbox quanto no computador.
Essa estratégia de abertura, combinada com um investimento maior do que seu rival em jogos de streaming (on-line), “parece apontar para um domínio de longo prazo” na Microsoft, observa Morris Garrard.
“A variedade de conteúdo da Sony e sua tecnologia” vão “inclinar a balança dos consumidores” para o PS5, acredita Garrard.
Em meio às previsões do desaparecimento de consoles físicos de videogame, “a estratégia da Sony me parece ser voltada para o curto prazo”.