07/11/2020 - 5:57
Seis países, incluindo Dinamarca e Estados Unidos, relataram até o momento casos de covid-19 em criações de visons, informou neste sábado (7) a Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Até o momento, seis países, a saber, Dinamarca, Holanda, Espanha, Suécia, Itália e Estados Unidos relataram casos de SARS-CoV-2 em criações de visons à Organização Mundial de Saúde Animal”, disse a OMS em um comunicado.
Este anúncio é feito depois que a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, anunciou na quarta-feira o sacrifício de todos os mais de 15 milhões de visons do país, alegando que uma versão do SARS-Cov-2 que sofreu mutação, que poderia ameaçar a eficácia do uma futura vacina, foi transmitida por esses animais a doze pessoas.
Essa mutação foi identificada em cinco fazendas diferentes. Os 12 casos de transmissão em humanos do vírus que sofreu mutação foram detectados no norte de Jutlândia (oeste), onde se concentra a maioria dos criadouros.
“Os casos ocorreram entre pessoas com entre 7 e 79 anos, oito delas relacionadas com a indústria agrícola de vison e quatro da comunidade local”, informou a OMS.
A mutação de um vírus é normal, e uma mutação não significa que se comportará de forma diferente, afirmam cientistas. Além disso, determinar as consequências concretas de uma mutação é complexo.
Mas no caso dessa cepa, chamada de “Cluster 5”, isso implica, segundo os primeiros estudos, uma menor eficiência dos anticorpos humanos, o que ameaça o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19.
“As observações iniciais sugerem que a apresentação clínica, a gravidade e a transmissão dos indivíduos infectados são semelhantes às de outros vírus circulantes do SARS-CoV-2”, observou a OMS.
“No entanto, esta variante, denominada variante +cluster 5+, apresenta uma combinação de mutações ou alterações que não tinham sido observadas antes”, acrescentou a agência especializada da ONU, destacando que “as implicações das alterações identificadas nesta variante ainda não são totalmente compreendidas”.
Os resultados preliminares, observou a OMS, indicam que esta variante associada ao vison, identificada tanto nos visons quanto nos 12 casos humanos, apresenta “sensibilidade moderadamente reduzida a anticorpos neutralizantes”.
Neste contexto, a OMS apelou à realização de novos estudos científicos e laboratoriais para verificar estes resultados e determinar quais as consequências para o desenvolvimento de tratamentos e vacinas.
“Embora se acredite que o vírus esteja ancestralmente ligado aos morcegos, a origem do vírus e o(s) hospedeiro(s) intermediário(s) do SARS-CoV-2 ainda não foram identificados”, lembrou a OMS.
Uma missão internacional, composta por especialistas internacionais da OMS, da Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas e da Organização Mundial para a Saúde Animal, foi criada em colaboração com Pequim para determinar a origem do vírus.
Em 30 de outubro, esses especialistas se encontraram pela primeira vez com seus colegas chineses, mas virtualmente.
“Dada a escala e complexidade da pandemia de covid-19, precisamos de um conjunto completo de investigações científicas na China e em outros lugares para encontrar o (s) hospedeiro (s) intermediário (s) e as origens do vírus”, disse essa semana à AFP uma porta-voz da OMS, Farah Dakhlallah.