07/11/2020 - 12:27
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro gravou um vídeo em defesa da atuação do deputado Capitão Wagner (Pros), candidato a prefeito de Fortaleza, no motim de policiais de fevereiro deste ano. No vídeo, Moro nega que esteja participando da campanha, mas deseja “boa sorte e sucesso” ao candidato.
A manifestação foi vista como uma forma de apoio do ex-ministro ao candidato. Wagner já havia recebido um aceno favorável do presidente Jair Bolsonaro, de quem Moro virou desafeto, que em live disse que poderia apoiar o candidato. Apesar disso, Capitão Wagner se declara independente do Planalto.
No vídeo divulgado na sexta-feira, 6, à noite, Moro diz que Wagner trabalhou para debelar o motim. Desde o início da campanha eleitoral os adversários do candidato do Pros e o governador Camilo Santana (PT) tentam vincular Wagner ao motim.
“Enviamos as Forças Armadas e também a Força Nacional para ajudar no policiamento e fomos até Fortaleza conversar com as autoridades para buscar uma solução que encerrasse aquela paralisação. Na oportunidade encontrei o deputado Capitão Wagner, conversamos e toda preocupação era voltada para encerrar o movimento e atender a população de imediato, independente das reivindicações (dos policiais). Dou aqui meu testemunho. Não participo das eleições e não quero. Não voto em Fortaleza mas faço este esclarecimento de fato. Desejo a todos boa sorte e sucesso”, diz o ex-ministro no vídeo.
Embora negue que esteja participando da campanha, foi a primeira manifestação de Moro na disputa eleitoral deste ano.
Depois de receber o aceno favorável de Bolsonaro durante uma live, Wagner, que liderava as pesquisas, começou a cair. Ao Estadão, na semana passada, ele agradeceu à sinalização do presidente mas fez questão de dizer que é independente em relação ao Planalto. A forte rejeição a Bolsonaro nas grandes tem prejudicado os candidatos ligados ao presidente nas grandes capitais. Segundo o Ibope do dia 3, ele tem 27% das intenções de voto. José Sarto (PDT), candidato apoiado pela família Ferreira Gomes, e Luizianne Lins (PT), têm 29% e 24%, respectivamente, segundo o levantamento.
O motim dos policiais civis e militares do Ceará durou 13 dias, provocou aumento de 138% nos homicídios e culminou com o episódio em que o senador Cid Gomes (PDT-CE) tentou invadir um quartel onde os amotinados de concentravam, em Sobral, e levou dois tiros.
Desde então o governo cearense apontava interesses políticos de possíveis candidatos às eleições deste ano por trás do movimento. Segundo levantamentos feitos pela imprensa local, cerca de 30 lideranças do motim disputam cargos de prefeito ou vereador.