A Agência da ONU para os refugiados palestinos (Unrwa) anunciou nesta segunda-feira (9) que pode não conseguir pagar os salários devido à crise financeira que enfrenta desde que Estados Unidos interrompeu seus pagamentos, embora tenha se declarado “otimista” após a eleição de Joe Biden.

“Apesar de nossos esforços para encontrar os meios necessários para preservar nossos projetos humanitários e de desenvolvimento, lamento informar às nossas equipes que não temos fundos suficientes para pagar seus salários neste mês” anunciou o comissário-geral da Unrwa, Pierre Lazzarini, em um comunicado.

“A agência precisa de 70 milhões de dólares (59 milhões de euros) antes do fim do mês (de novembro) para conseguir pagar os salários de novembro e dezembro”, acrescentou no texto, no qual se refere a uma “emergência de capital”.

São 28.000 pessoas afetadas na agência e somente os agente cujos salários são pagos por fundos de emergência poderão receber seu dinheiro, explicou à AFP Tamara Alrifai, porta-voz da Unrwa.

A organização, encarregada de administrar escolas e de conceder ajuda médica a cerca de seis milhões de refugiados palestinos na Jordânia, Líbano, Síria, Cisjordânia ocupada e Faixa de Gaza, “nunca se recuperou” do bloqueio da ajuda financeira dos Estados Unidos, acrescentou.

Em 2018, Washington, até então o principal doador, encerrou sua ajuda anual de 300 milhões de dólares, estimando que era desnecessária para a agência, 70 anos depois do início do conflito árabe-israelense.

Em maio, Joe Biden, então candidato, indicou que se fosse eleito presidente dos Estados Unidos, restabeleceria as ajudas para os palestinos.

“A agência está muito otimista sobre a retomada da ajuda norte-americana” afirmou Alrifai, alguns dias após a eleição do democrata à Casa Branca.

Mais de 700.000 palestinos fugiram ou foram expulsos de suas terras entre abril e agosto de 1948, com a criação do Estado de Israel, segundo a ONU. Essas pessoas e seus descendentes têm o status de refugiados.