10/11/2020 - 10:36
A suspensão dos testes da vacina Coronavac no Brasil, anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na noite desta segunda-feira, 9, gerou repercussão na imprensa internacional. A paralisação, atribuída pela Anvisa ao registro de um evento adverso grave, surpreendeu a farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolvedora da vacina, e o Instituto Butantan, parceiro na produção do imunizante no Brasil. Em entrevista à TV Cultura, o diretor do Instituto, Dimas Covas, confirmou a morte de um voluntário dos testes clínicos, mas afirmou que o óbito não teria relação com a vacina.
O jornal americano The Wall Street Journal destacou a expectativa no Brasil de que a Coronavac poderia se tornar uma das primeiras vacinas aprovadas no País. A publicação ressaltou ainda que a nota da Anvisa não esclareceu porque o órgão demorou mais de uma semana para anunciar a ocorrência do evento adverso, que aconteceu em 29 de outubro.
A Bloomberg também repercutiu a suspensão dos testes e destacou que esta é a primeira vez que uma das vacinas “rapidamente desenvolvidas” pela China enfrenta um grande contratempo.
A Al-Jazeera destacou que a Coronavac está no centro de um “jogo político” entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, considerado pela publicação como “um dos adversários mais fortes” do presidente. O texto também destaca que Bolsonaro já se referiu ao imunizante como “vacina chinesa do Doria” e que chegou a dizer que os brasileiros não “seriam cobaias”.
A CNN ressaltou que não é incomum a paralisação de testes nesta fase dos estudos clínicos e lembrou que, em setembro, a AstraZeneca precisou suspender os trabalhos por um período após registrar uma doença inesperada em um dos voluntários. A reportagem destaca ainda que o anúncio da suspensão aconteceu no mesmo dia que a Pfizer anunciou que o imunizante desenvolvido pela farmacêutica americana apresentou 90% de eficácia em testes preliminares.
A inglesa BBC, por fim, disse que os testes da Coronavac na Indonésia, realizados pela empresa estatal Bio Farma, continuam normalmente.