11/11/2020 - 6:19
Os Estados Unidos registraram na terça-feira o recorde de novos casos de covid-19 em apenas um dia, com mais de 200.000, o que evidencia a necessidade urgente de uma vacina, um dia depois do anúncio de resultados promissores de uma pesquisa.
A notícia sobre a vacina provocou esperança em um cenário sombrio, com novas restrições na Europa e Oriente Médio, assim como uma aceleração da pandemia nos Estados Unidos, país que na terça-feira registrou 1.535 mortes provocadas por covid-19 em 24 horas.
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Uma vacina é a melhor possibilidade para deter o avanço do novo coronavírus, detectado no fim de dezembro do ano passado na China e que se propagou por todo o mundo.
As ações de alguns setores mais afetados pelas restrições de viagens, distanciamento social e bloqueios se recuperaram ante a esperança de que o mundo retorne à normalidade, depois que o grupo farmacêutico Pfizer e sua sócia alemã alemã BioNTech anunciaram na segunda-feira que sua candidata a vacina tem 90% de eficácia.
As duas empresas afirmaram que têm capacidade para produzir mais de 50 milhões de doses da vacina este ano e 1,3 bilhão em 2021, caso recebem a aprovação das agências reguladoras.
A comunidade científica reagiu de maneira positiva ao anúncio, embora o ensaio clínico ainda esteja em curso e a vacina necessite de armazenamento em congeladores especiais, o que gera enormes complicações na cadeia de abastecimento.
Esta vacina é uma das 40 que estão em diferentes fases de desenvolvimento, mas até o momento não foram divulgados os dados de efetividade de nenhuma outra.
Outra notícia positiva veio da União Europeia: o Parlamento da UE e os Estados membros alcançaram um acordo para aprovar o orçamento do bloco, que inclui a liberação de 750 bilhões de euros (886 bilhões de dólares) para a recuperação das consequências da pandemia.
– “Um inverno obscuro” –
Quase 51 milhões de pessoas em todo o mundo contraíram o novo coronavírus, que provocou 1,2 milhão de mortes.
Na terça-feira foram registradas 6.867 mortes em todo o mundo, com números elevados na França, Espanha e Estados Unidos.
A maior potência mundial é o país mais afetado pela pandemia, com mais de 10 milhões de casos e quase 240.000 mortes, com outros dados preocupantes, como 60.000 hospitalizados por covid-19.
A pandemia foi um dos principais problemas dos eleitores nas eleições presidenciais da semana passada nos Estados Unidos.
O presidente eleito Joe Biden, que criticou a gestão da crise pelo presidente Donald Trump, anunciou um grupo de trabalho para a crise.
“Enfrentamos um inverno muito obscuro”, disse Biden.
Trump enfrentou repetidamente os especialistas de sua própria administração e, em várias oportunidades, se recusou a respaldar as restrições ou usar máscara em público.
Depois do anúncio da Pfizer, afirmou, sem provas, que a notícia foi adiada para depois das eleições para prejudicar sua campanha de reeleição.
Também nos Estados Unidos, a FDA, agência que regulamenta medicamentos e alimentos, aprovou na segunda-feira em caráter de emergência um tratamento contra a covid-19 com anticorpos sintéticos desenvolvidos pela empresa Eli Lilly.
Apesar das boas notícias na área médica, o aumento de casos e mortes preocupa vários países.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que minimiza as consequências da covid-19, reiterou a despreocupação com uma frase homofóbica.
“Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um país de maricas. Olha que prato cheio para imprensa. Prato cheio para a urubuzada que está ali atrás. Temos que enfrentar de peito aberto, lutar”, disse.
Ao mesmo tempo, países como Itália, Hungria, Albânia e Grécia anunciaram novas restrições.
No Oriente Médio, o Líbano anunciou na terça-feira um novo confinamento de duas semanas. A região também lamentou a morte, por complicações derivadas da covid-19, do veterano negociador de paz palestino Saeb Erekat.
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