18/11/2020 - 14:11
A vacina da aliança Pfizer/BioNTech é 95% eficaz contra a covid-19, de acordo com os resultados completos de seu ensaio clínico, nível semelhante ao relatado pela Moderna e que aumenta as chances de que pelo menos uma comece a ser aplicada nos Estados Unidos ainda este ano.
As duas empresas conseguiram acelerar seus testes em meio ao crescimento da pandemia nos Estados Unidos e há dias competem com comunicados à imprensa sobre seus resultados favoráveis. Em todo caso, espera-se que sejam as duas primeiras vacinas autorizadas no país e no mundo ocidental. Outras estão sendo desenvolvidas na China e na Rússia.
“Os resultados do estudo marcam um passo importante nesta jornada histórica de oito meses para apresentar uma vacina capaz de ajudar a acabar com esta pandemia devastadora”, disse Albert Bourla, CEO da Pfizer, que solicitará a autorização de comercialização em alguns dias para a Food and Drug Administration (FDA).
“Com centenas de milhares de pessoas em todo o mundo infectadas todos os dias, precisamos urgentemente trazer uma vacina segura e eficaz para o mundo”, acrescentou Bourla.
A Pfizer também garantiu que a vacina não teve efeitos colaterais graves. O anúncio foi feito em um momento em que os casos de coronavírus estão crescendo nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, aumentando as esperanças de acabar com a pandemia que mudou a vida de pessoas em todo o mundo.
– Esperança –
Os dados divulgados nesta quarta-feira são melhores do que os resultados parciais divulgados na semana passada pela Pfizer/BioNTech e que mostraram “mais de 90%” da eficácia da vacina.
Isso significa que 162 membros do grupo do placebo no estudo contraíram covid-19, em comparação com apenas 8 no grupo vacinado. O resultado foi registrado sete dias após a segunda dose da vacina, que é administrada em duas doses, com três semanas de intervalo.
O protocolo do ensaio foi avaliar a eficácia, uma vez que um total de 170 casos foi alcançado em ambos os grupos.
“Fenomenal”, disse Eric Topol, especialista americano em testes clínicos, em sua conta no Twitter.
No total, mais de 43.000 pessoas se ofereceram como voluntárias para o teste, que começou no final de julho e deve continuar.
Outra estatística tranquilizadora: nove casos graves de covid-19 foram observados no grupo placebo, contra um no grupo vacinado.
Na segunda-feira, uma autoridade da operação de vacinas do governo, Moncef Slaoui, estimou que a FDA poderia dar seu aval para a comercialização em dezembro.
Paralelamente, a americana Moderna anunciou na segunda-feira que sua vacina contra o covid-19 é 94,5% eficaz. A empresa garantiu que já assinou compromissos com Canadá, Japão, Israel e Reino Unido, além de um contrato de 100 milhões de doses no início de agosto aos Estados Unidos.
– “Bem tolerada” –
Acredita-se que a vacina Pfizer/BioNTech seja uniformemente eficaz em todos os gêneros, idades e etnias, com eficácia “superior a 94%” para pessoas com 65 anos ou mais.
Essa eficácia, se confirmada na população, colocaria a vacina entre as mais eficazes do mundo, comparável à do sarampo, e muito melhor do que a vacina contra a gripe, que recentemente tinha apenas 19 a 60% de eficácia.
Os únicos efeitos colaterais significativos observados em mais de 2% dos participantes foram fadiga (3,8%) e dores de cabeça (2%), levando os fabricantes a dizer que a vacina é “bem tolerada”.
A Pfizer esperava manter dois meses de acompanhamento para pelo menos metade dos participantes antes de solicitar a liberação da FDA, uma medida que o grupo sabia que seria realizada esta semana.
Para Ugur Sahin, co-fundador da BioNTech, que desenvolveu a nova tecnologia na qual a vacina se baseia, o RNA mensageiro, “essa conquista ilustra o potencial do RNA mensageiro como uma nova classe de fármacos”.
– Tramo final –
No momento, a proteção conferida pelas vacinas pode não ser muito duradoura, mas só o tempo dirá.
Agora a FDA deve avaliar em detalhes os dados sobre a eficácia e segurança das duas vacinas, que ambos os fabricantes não divulgaram.
A reguladora está empenhada em fazer isso da forma mais transparente possível para o público. A regulador europeia, por sua vez, examina os dados continuamente.
Estados Unidos, Europa, Canadá, Japão e outros países ricos já reservaram centenas de milhões de doses de uma ou ambas as vacinas.
Na quarta-feira, a Moderna ainda não havia assinado com os responsáveis pela União Europeia. Em todo caso, há uma diferença logística importante entre as duas vacinas: a distribuição da Pfizer é mais complicada porque deve ser transportada a -70 ° C, contra -20 ° C da Moderna.