23/12/2020 - 10:42
Com a reabertura do estratégico porto de Dover, o Reino Unido começou a sair do repentino isolamento determinado pelos países vizinhos após a descoberta de uma nova cepa da covid-19, uma variante do vírus que será examinada nesta quarta-feira (23) em uma reunião de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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Pela primeira vez desde domingo, veículos com passageiros foram autorizados a cruzar o Canal da Mancha e chegaram na terça-feira à noite ao porto francês de Calais, procedentes de Dover, sudeste da Inglaterra.
O governo britânico afirmou que serão necessários vários dias para acabar com o engarrafamento na região e permitir que milhares de caminhões bloqueados na área do porto entrem na França, depois do anúncio de um acordo com Paris que autoriza a entrada de motoristas que testaram negativo para covid-19.
Quase 4.000 caminhões permaneciam parados na terça-feira à noite nos arredores do porto: de 700 a 800, na rodovia que vai de Londres a Dover; e cerca de 3.000, em um aeroporto desativado da região, onde os caminhoneiros são submetidos aos testes de detecção, informou o ministro britânico das Coletividades Locais, Robert Jenrick.
A reabertura do porto estratégico, depois do acordo entre Londres e Paris, acaba com os temores de possível desabastecimento no país.
França e Bélgica anunciaram na terça-feira uma flexibilização das restrições decretadas após o surgimento, confirmado no domingo, de uma nova cepa de covid-19 no Reino Unido. Sua transmissão seria entre 40% e 70% mais elevada, mas não necessariamente mais letal, segundo as autoridades de saúde.
França, Bélgica, Holanda e República Tcheca autorizaram nesta quarta-feira o retorno, a partir do Reino Unido, de seus cidadãos e residentes em seu território, ou na União Europeia (UE), desde que apresentem um resultado negativo de exame da covid-19.
A Alemanha, que como dezenas de países também cortou as conexões com o país, não anunciou mudanças em suas restrições, previstas para vigorarem até 6 de janeiro. A Espanha permite o retorno apenas de seus cidadãos.
– Reunião da OMS –
O Reino Unido registrou um aumento considerável dos contágios, após um período estável no fim de novembro. Na última semana, o país contabilizou quase 225.000 infecções, o maior número em sete dias desde o início da pandemia.
Neste contexto, a divisão europeia da OMS se reúne nesta quarta-feira para discutir estratégias para tratar a variante do coronavírus.
“Será uma reunião a portas fechadas de especialistas e uma oportunidade para que as autoridades de saúde britânicas apresentem um balanço da situação e respondam às perguntas relacionadas”, disse uma fonte da OMS.
A campanha de vacinação na UE começará no domingo, depois que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou na segunda-feira a vacina da Pfizer/BioNTech.
Nesta quarta-feira, a Suíça começou a imunização: uma idosa de mais de 90 anos do cantão de Lucerna foi a primeira pessoa a receber a vacina na Europa continental. O Reino Unido iniciou a vacinação há duas semanas.
O laboratório alemão BioNTech, que criou em parceria com o grupo americano Pfizer a primeira vacina contra a covid-19 aprovada internacionalmente, afirmou que poderia apresentar, se necessário, no prazo de “seis semanas” uma vacina adaptada à nova cepa do vírus.
– Trump rejeita plano de apoio econômico –
Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta em número de mortes (322.849) e de infecções (mais de 18 milhões), o presidente Donald Trump rejeitou na terça-feira a lei de alívio econômico aprovada após meses de árduas negociações pelo Congresso para atender à crise provocada pela pandemia e exigiu uma série de “emendas”.
“Realmente é uma desgraça”, disse Trump, que criticou a ajuda a famílias, nas quais há pessoas em situação irregular no país, assim como a inclusão de recursos para outros temas, ao mesmo tempo em que pediu o aumento da ajuda às pessoas mais necessitadas, estipulada em 600 dólares e que ele quer ampliada para US$ 2.000.
A pandemia provocou mais de 1,7 milhão de mortes em todo planeta e quase 78 milhões de contágios, segundo um balanço da AFP com base em números oficiais dos países.
Na América Latina, o México anunciou que começará a vacinação na quinta-feira com o fármaco da Pfizer/BioNTech. Ontem, o Peru superou a marca de um milhão de casos confirmados (mais de 37.000 óbitos).
No Brasil, o estado de São Paulo anunciou restrições para o período de Natal e Ano Novo ante o avanço da pandemia.
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